Transcrição elaborada por Lúcio Leonn, 2016
Matisse dizia
que é preciso ver sempre com olhos de crianças. Eu prefiro dizer que melhor
seria ver sempre com os próprios olhos. E concordo com Matisse, que é muito
difícil, e exige muito esforço, sobretudo no mundo atual, ver as coisas na sua
verdade.
Mas a criança
com a visão pura, simples e direta, vê e descobre o que é essencial nas coisas.
E perde essa qualidade porque a escola substituiu essa forma simples de agir.
Ao trocar a experiência
viva por todo um sistema complexo de imagens e conceitos pré-fabricados. Quase que
poderíamos dizer que as escolas tentam explicar o mundo à criança num
quadro-negro.
O mundo cheio de
interesse para a criança, vai sendo reduzido a um circulo de giz. Frio e vazio.
E a criança se perde no emaranhado de preconceitos e imagens pré-fabricadas,
onde mal se podem vislumbrar os seus primeiros impulsos–impulsos puros e generosos
de conhecer o mundo para melhor amá-lo. Ensina-se à criança a desenhar um
cavalo como se ela não o soubesse. Impõe-se que cada uma se pareça com a outra,
ou seja, que se desfigure, perdendo a imagem a ser preservada, a do ser criador.
Um professor
certa vez visitou uma exposição de desenhos. Havia dezenas deles, representando
um pato. Todos parecidos uns com os outros. Quando ele perguntou a uma das
crianças qual era o seu, ela, aturdida e angustiada, tentou encontrá-lo. E quando
apontou para um deles, o correu ao professor, dadas a dúvidas da criança
durante a busca, perguntar como sabia que aquele era o seu desenho. A criança
respondeu:
“eu tinha as mãos sujas e lá o meu desenho está sujo”.
“eu tinha as mãos sujas e lá o meu desenho está sujo”.
A escola
tradicional e rotineira promove esse fatal e terrível desencontro do homem
consigo mesmo.
Fonte
consultada:
AUGUSTO
RODRIGUES; CARVALHO, ORLANDO MIRANDA DE (supervisão editorial). Eu sei que o mar é azul, mas o meu é
vermelho - ARTE & EDUCAÇÃO, Rio de Janeiro (Brasil): EDIÇÃO ESPECIAL EM
COMEMORAÇÃO AOS 50 ANOS DA ESCOLINHA DE ARTE DO BRASIL, p.6, fev. 1999. Acervo
pessoal (periódico) Lúcio José de Azevêdo Lucena - Lúcio Leonn.
(*** In
memoriam ***)
[Lúcio José de Azevêdo Lucena(Org.)-Lúcio Leonn].
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