sexta-feira, 17 de julho de 2009

Atividade Final: relação em tríade-módulo Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento

por Lúcio José de Azevêdo Lucena

Relação em tríade: da experiência corporal vivenciada no módulo Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento; da prática profissional cotidiana do aluno e de estudos e leituras do texto: “O Movimento Qualquer”, de Paulo Caldas, (RJ).

“Além do movimento dos corpos no espaço, há o movimento do espaço nos corpos”. Rudolf von Laban, (Bratislava,1879 - Inglaterra, 1958.)

(Foto de Alex Hermes) Um sistema de análise e pesquisa de movimento foi abordado em módulo pelo professor Paulo Caldas, (Imagem, acima). Estudo laboratorial para a pesquisa e análise de movimentos a partir de temáticas e procedimentos referenciados nos estudos de Laban e nas proposições apresentadas por William Forsythe em seu CD-ROM “Improvisation Technologies – a tool for the analytical dance eye”.
Da tríade, a partir de análise minha em módulo, propõe uma perspectiva e um pensar de construção dramatúrgica do corpo em movimento; de composição e criação coreográfica de intérprete em atelier criativo e de cena arquitetônica. Reside no campo da idéia de restrição em pluralidade corporificada; de estabelecer regras criadas para resultar em plasticidade do movimento - espetáculo em dança/corpo de intérprete.
Um momento de experiência vivenciada em módulo encaminha-se, abaixo:
“Em sala, todos a andar pelo espaço (total) em diversas direções. Procurar um ponto no espaço (foco). Aproximar do parceiro para formar dupla. Outro parceiro, da dupla formada, a se movimentar lentamente, (enquanto o outro parado, em dimensão de circunferência) sob tal corpo em movimento. (I)móvel - abrir espaço em níveis de movimento. Em estado de movimento. É preciso variar o tempo em oposição ao outro. Rápido/ forte/fraco/ sustentado.”

Paulo Caldas nos pergunta e ressalta: “que ações podem ter/variar/fazer com uso do corpo? Deslizar, flutuar, torcer. Olhar periférico. Mover ao entorno de outro sem precisar olhar. Mas a ter consciência do todo(?). Um olhar in/direto.” E, vai além: “devem-se acrescentar partes do corpo, antes em restrição de fruição de ações; fluem unidades do corpo: membros superiores e/ou inferiores. Não interromper o re/fluxo do movimento e ir ao encontro de outra dupla (sem papel definido), e tornar-se uma única estrutura de movimento.”
Logo, busquei acima, compilar de minhas anotações Um exemplo de uma das peças de proposições da engrenagem em experiência corporal vivenciada em Módulo.
(Imagens abaixo, Lúcio Leonn, em proposições de exercícios em módulo Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento (2009), a partir de temáticas e procedimentos referenciados nos estudos de Laban e nas proposições apresentadas por William Forsythe).

Partindo para outra situação, o contato visual e prático com William Forsythe em seu CD-ROM “Improvisation Technologies – a tool for the analytical dance eye”.

Ao assistir o vídeo, sua análise visual nos coloca a par de certos vocábulos em composição coreográfica, a partir do olhar autoral de Forsythe e do recurso multimídia. Gramáticas e terminologias, como: mover continuamente em torno do próprio corpo; ponte; dropping points/extensão/inclinação/transportação de linhas/anglo e superfície/torções; escrita de movimentos em espaço-tempo e de rotação; de alternar a liderança e fluxo de movimento e extremidades; U-ing – a fazer um U e, por fim, alguns exemplos aqui, o writing and wiping.

Em pensamento escritos no texto de Caldas, ele ressalta o seguinte: “Um espaço moldado em linhas atuais e virtuais que se extraem, dobram, estendem, unem, deslocam, caem e que levam o corpo à produção de todo um mundo de movimentos inéditos?” (In “O Movimento Qualquer”, p.10).

Ao mesmo tempo, nos pergunta e faz refletir, outrora, apresenta dois âmbitos de composição coreográfica, a saber: o artesanato e a arquitetura. O primeiro resulta num trabalho sobre o corpo ligado à criação de partitura de movimento em tempo/espaço, que se constitui. Já o segundo, projeta-se como algo que se passa na cena, sobretudo em atividade e fruição de elementos constitutivos da linguagem Dança, (figurino/cenário/luz etc.). Caldas nos alerta em texto e vivência em módulo, que: “serão distintas as conseqüências e os desdobramentos do uso de regramentos composicionais, em ambas as composições”. Até mesmo, ao aliar-se: “recurso ao acaso” – logo, em contraposição, o vocabulário treinado (artesanal) coincide como o vocabulário encenado (arquitetura).

Sigo agora, para sucinta exemplificação de outro momento de experiência vivenciada em módulo, abaixo. Tratou-se de composição/produção e apresentação coreográfica em cena/aula, individualmente, - a partir da compreensão teórica e prática do aluno (vide vídeo, acervo pessoal aulas de Paulo Caldas).

Definir qualidades de movimentos, com: precisão, leveza, intenção em linha e peso, por meio da escrita/frase de nosso próprio nome em espaço/tempo. E, revelou-se uma possibilidade de movimento em espaço de âmbito artesanal (de criação coreográfica). Vejamos breve entendimento, da cena/aula.

Também, em vídeo:
 Exercício em proposição (individual):   aluno\Intérprete Lúcio Leonn. 

O meu nome: Lúcio Leonn. Da letra L = resultou num movimento total do corpo em chão - corpo à esquerda e frontal em 90º. Tempo rápido. Em seguida, meu elevar de corpo com o inclinar do tronco, também em 90º, em espaço aéreo à direita, (ainda permanecem pernas estiradas ao longo do solo, sentado); surge em tempo sustentado - movimento de braços e mãos articuladas em gestos de vogal U, (posição convergente e divergente do encontro, união dos dedos de duas mãos à frente e, junto ao plexo solar em linha horizontal imaginária a subir em linhas retas verticais (e virtuais) paralelas, procedentes de movimentos convergentes e definidos antes, por dedos das mãos e braços articulados.).

Tal percurso pode ser modulado, ou se não, busca-se a qualidade de movimento entre transição de movimento criado/experenciado a outro, sucessivamente.” Avisou Caldas, durante o nosso processo de busca e de treino de movimentos.

Da letra C = indiquei meus braços em posição de peso, em linha curva: “segurar uma bola”, à esquerda com movimentos de tencionar, “quebrar a cintura”, em nível baixo. Da vogal I - possibilitou-me subir (nível alto) e braços ao longo do corpo; pés e pernas juntas em eixo gravitacional. Já a vogal O, (última de, Lúcio); realizei uma circunferência em torno de mim mesmo, (corpo em direcionamento de nível médio ao abrir em espaço direto, em tempo rápido com perna direita ao encontro da esquerda parada. Espécie dum rodopio junto ao solo.

Indo para Leonn, meu procedimento fora o mesmo. De forma abrupta meu corpo foi ao solo (houve restrição de minha parte, por repetir o movimento anterior, referente à letra L.). A vogal E, (formada no meu pensamento aqui, por três retas paralelas horizontais e uma única reta vertical); segui por quatro movimentos sustentados em ponta dos pés e braços estirados, a partir da cintura. Em única linha reta vertical; retornei o mesmo percurso ainda nas pontas dos pés de costas, sempre alternado a “respiração” de um único braço à direita, outrora, à esquerda, em tempo lento.

Por fim, a proposição em exercício coreográfico apresentado aqui, prosseguiu até seu término de apresentação e apreciação em módulo/aula. Pontuada por uma música ao fundo, escolhida por Caldas.

(Imagem acima/reprodução, Lúcio Leonn - breve ensaio coreográfico (âmbito artesanal) para o espetáculo: “Os Olhos de Bette Davis”, de Ricardo Andrés Bessa, de 24 de julho de 2008. Grupo Comédia Cearense. Teatro Arena Aldeota [CE].)

Da minha experiência profissional e cotidiana às aulas em Módulo, remeteu-me mais uma vez ao trabalho e estudos de Laban, (de âmbito artesanal), - aulas minhas vivenciadas no Curso “Arte do Movimento - Rudof von Laban” (1994), por Augusto Pereira da Rocha e também, da prática e da teoria (âmbito arquitetônico) dos Viewspoints / Pontos de Vista (em: atuação, direção, cena/dramaturgia/escrita, design etc.), desmistificados por Anne Bogart e Tina Landau, em aulas de Sandra Meyer, módulo dança e teatro,(2008).
(Imagem/reprodução/DVD. Leonn, à esquerda.) Espetáculo [âmbito arquitetônico]: “Os Olhos de Bette Davis”, de Ricardo Andrés Bessa. Temporada agosto de 2008. Grupo Comédia Cearense. Teatro Arena Aldeota [CE].
Por outro lado, ao trilhar aqui minha linha artesanal/arquitetônica de movimentos coreográficos; de continuidade a meu olhar e exemplificar, em experiência profissional e cotidiana junto à Dança; relembro: estive atuando e a substituir outro bailarino em Um espetáculo, (últimas imagens, acima), “Os Olhos de Bette Davis”, (para mim, dança e teatro); quando após ensaios e criação em solo, de movimentos em cenas; parti do campo artesanal para o resultado final (arquitetura) e, resultou em outros movimentos.
Logo, alertado pelo ponto de vista da intérprete/cantora e atriz cearense, Ivanilde Rodrigues; meus movimentos em cena inicial - apresentação de personagem - não deveriam ter maior projeção que o texto proferido pelo outro ator (um monólogo) em cena, paralela à minha. Outra, meu personagem vivia no plano onírico da questão. Assim, dias depois, entrei no campo da restrição de movimentos; procurei outro pensar coreográfico; reduzi e condensei o máximo de movimentos.
Para conclusão desse texto e seu entendimento, eu permaneci toda a cena inicial e do diálogo em posição (i)móvel, de pé, diante da platéia com olhar fitado e corpo em meio cambré à esquerda, mantendo linha frontal de corpo para as saídas de cenas, - queria fazer alusão a um bailarino quando estar em cena, num ato parado ou nos ensaios ora, em agradecimentos ora a esperar sua deixa de movimentos. Mas nesse caso, eu tinha, primeiramente, de projetar a voz de meu personagem e adentrar no mundo real e terreno da cena. O dançar ficou na metade das minhas cenas e revelou para mim, a busca incessante de novas possibilidades e de sentidos dum dançar em esculpir o tempo/espaço in/finito de movimentos.

FONTES CONSULTADAS
Arquivo pessoal e experiência do ator e Arte-educador Lúcio Leonn, em aulas/espetáculos: “Os Olhos de Bette Davis”, de Ricardo Andrés Bessa. Grupo Comédia Cearense. Teatro Arena Aldeota (CE). Jul/agosto: 2008.

Módulo: Dança e Teatro, ministrado pela professora de dança Sandra Meyer, 12 a 17. Maio: 2008.
Módulo: Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento, ministrado pelo professor Paulo Caldas, 14 a 18. Abril: 2009. E, texto escrito, “O Movimento Qualquer”. Disponibilizado em módulo/aulas. Ambos módulos foram ministrados no Curso de Extensão Dança e Pensamento. Escola de Dança Vila das Artes/Secultfor. Parceria: Universidade de Federal do Ceará (UFC).

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Os Olhos de Bette Davis/ vídeo 1 : http://www.youtube.com/watch?v=t-NJC58-Ets
Os Olhos de Bette Davis/vídeo 2: http://www.youtube.com/watch?v=Lcp58Xo2cY0
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Atividade de Conclusão Módulo: Tecnologias de Improvisação – Um sistema de análise e pesquisa de movimento, ministrado pelo professor Paulo Caldas, de 14 a 18 de abril de 2009. Curso de Extensão Dança e Pensamento. Aluno Lúcio José de Azevêdo Lucena-Lúcio Leonn. Escola de Dança da Vila das Artes/Secultfor, parceria Universidade Federal do Ceará (UFC).

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