segunda-feira, 18 de maio de 2009

ATIVIDADE: Questões sobre o Tempo- Universidade de Brasília/UnB. Instituto de Arte/IdA.

por Lúcio José de Azevêdo Lucena

Na tarefa você terá que responder três questões considerando os textos da Semana 6 e o trecho em áudio da personagem Julieta, da peça Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Questão A - O que Julieta diz neste trecho (Ato II/CENA V) poderia ser sintetizado da seguinte maneira: "Há três horas a ama foi dar um recado a Romeu e ainda não voltou". Por que Shakespeare opta que a personagem diga a mesma mensagem em um texto muito mais longo?
“Esperança e Medo”

(Imagem / reprodução: Romeu e Julieta" (Romeo and Juliet). LEONARD WHITING (Romeu) OLIVIA HUSSEY(Julieta), 1968– INGLATERRA/ITÁLIA. - Direção: FRANCO ZEFIRELLI. )Penso que, para dar ao público (quem assiste) e à personagem Julieta (que age–sente–pensa, em prol dum desejo ardente e dum objetivo e/ou, do desenrolar a/sua ação); há opção pelo autor, que a personagem diga a mesma mensagem em um texto muito mais longo, para poder estabelecer também, um tempo em redução de ambiente(espaço cênico) e de fruir o caráter e tempo psicológico e da ação futura da personagem, acredito.
Vejamos: “Julieta começa a divagar e desabafa o que é (o seu) Amor; revela características físicas de sua Ama, da cordialidade de ambas agora em distintas subordinações; o espaço/tempo geográfico é metafórico no dizer de Julieta; há verdades e comparação em elementos da Natureza pela poética textual e por ação dramática (fala) em dis/decurso”.
No momento, há um tempo suspenso pelo conflito psicológico ou de clima dado para cena/personagem. Este tempo, provém dum recado encaminhado e da ausência de informações, ainda não reveladas. Deixa-se afetar pelo problema do tempo, em ideias e de suposições abstratas, acerca da personagem Ama, de seu Recado e de Romeu. Ou mesmo de metáforas proferidas ao vento.

Logo, o Tempo do trecho, em estudo – dá, para nós, a compreensão do que seja o Amor; da juventude e do olhar sobre o ser velho: (“gente velha não chega ao porto - se fosse veloz e dotada de paixões e de sangue jovem”), ou percebe-se o tempo interno e conflito da personagem:(“prometeu-me que voltaria dento de meia-hora”) tudo via monólogo e, processa o entendimento à ação dramática e de atitudes, de: “espera, “pressa”, “angústia” ou mesmo de “agonia”, em querer vir e a saber da reação do tal amado Romeu. Sentimos a passagem de Tempo.

Segue o olhar da platéia via personagem: (será que Romeu recebeu o recado? qual foi a sua reação, ou se, realmente, houve? o que deve ter acontecido com a Ama?) - torna-se ESPAÇO “real” e há acréscimo de mais conflitos cênicos e, a justapor também, percepção de emoção em aguardo do/no tempo presente / agora passado atual e a perpassar o tempo presente/futuro (Piedade/esperança e medo). E, Julieta em diálogo, fala pelo autor a consubstanciar o valor humano - quando toda humanidade sofre o problema do tempo. E, a vida seria uma eterna agonia (?). Mas, no entanto, o maior dramaturgos de todos os tempos, William Shakespeare (1564- 1616), nos dar em diálogos/monólogo, a dimensão estética duma escrita por meio do Devir a Ser: o humano, pleno (de paixão, rancor, esperança, medo, piedade, alegria, humor etc).
De fato, onde, “cada um de nós pode ser uma cópia temporal e mortal do arquétipo do homem”. Então, confirma-se, Julieta acredita e sofre por Amor- Aí, registra-se Um tempo na peça que se mostra covarde e traiçoeiro. Por isso, um final de romance trágico (imagem, acima). Contudo, somos seres de essência iluminada e não apenas corpos que o Tempo, destrói.
Questão B - No teatro as noções de presente, passado e futuro se atravessam para configurar a experiência de tempo da platéia e dos elementos constituintes da cena. Ou seja, ao longo de um espetáculo é possível identificar ações anteriores e/ou posteriores a ação presente. Essa noção é explícita nos textos da semana e no monólogo da Julieta. Como essa relação se dá neste monólogo e no trecho da peça As Bagatelas, transcrito na semana passada?
No monólogo de Julieta, a ação posterior vem do recado encaminhado por Ela (ação anterior) e da falta de informações, ainda não reveladas (ação posterior, no presente- “promessa de retorno da Ama em meia-hora”.). Julieta deixa-se se afetar pelo problema do tempo, em ideias e de suposições abstratas suas, acerca da Ama, de seu Recado e do Romeu (ação posterior futura, mas no tempo presente). “As personagens não agem para imitar os caracteres, mas recebem seus caracteres por acréscimos e em razão de suas ações” (LIGNELLI apud PAVIS, in Rel-ação!, p.3). Assim, sentimos e assistimos a passagem do tempo e de suposição de ação posterior (que é o passado – ação anterior) no presente, ação posterior- o devir a ser, pela fala da personagem.

Segundo Plotino, o “Tempo é o presente atual; é o presente do passado: isto é, a memória. O tempo é o presente futuro/ o devir a ser por nossa esperança ou medo”. Da ação posterior, agora é passado atual e, a perpassar o tempo presente/futuro (“Agora o sol está na altura máxima de seu curso diurno.”)-ação posterior das (9 h até às 12 = 3 horas demoradas). Parafraseando, Santo Agostinho: “Sua alma arde, porque quer saber” – é o futuro, ação posterior. E, “o futuro viria a ser o movimento da alma rumo ao futuro” - O seu objetivo é, DE VIVER AO LADO DE SEU GRANDE AMOR.
Imagem/ reprodução: "Bagatelas" (título em ingles: Trifles - de 1916), montagem realizada pelo grupo de teatro da Universidade de Walla Walla, Washington, (2002)
“Em "As Bagatelas”, de *Susan Glaspell, (1876-1948). [Imagem acima], transcrito na semana passada, a ação dramática presente se passa na cozinha de uma casa da fazenda de John Wright. A porta do alpendre abre e o Delegado entra acompanhado. Todos vão imediatamente em direção ao fogão. São seguidos por duas mulheres que entram devagar, e ficam de pé, juntas perto da porta. O Delegado a dar uma olhada em seu redor depois de dialogar, senta -se. O diálogo é interrompido pelo Procurador. Hale pára, seu rosto se contrai. O Procurador a indagar Hale. E, Hale a apontar para a pequena cadeira que está no canto. O Procurador a anotar. Há justaposições de ações anteriores (passado-flashback) no presente a partir da investigação e/ou interrogatório ou de diálogos e da contação / narração (em detalhes) da história investigada -, desenrola a ação posterior, também no presente.

Conclusão, no monólogo de Julieta e “As Bagatelas”, a relação do tempo se dar de maneira em espiral, de ações anteriores (passado breve) para posteriores (presente/futuro). Sucedam ações anteriores no / do presente para o passado e vice-versa. Por uma narrativa também no passado e presente, seguem descrições sobre o estado emocional ou de ações físicas / invisíveis NO PRESENTE.
(*)Uma das fundadoras do Playwright's Theatre, também conhecido como Provincetown Players. Os Provincetown Players produziram e encenaram novos textos de dramaturgos como Eugene O'Neil e da própria Glaspell.
Questão D - A partir de uma perspectiva histórica, explicite as diferenças de abordagem da noção de tempo pelos autores citados no texto Ao mesmo tempo.
Síntese, texto: "Tempo", de Jorge Luis Borges [comentários entre colchetes]
“Na mente podemos prescindir do espaço e não o tempo”. > [Ainda, continua-se com o tal pensar]. “O tempo é sucessão”. > [O homem se preocupa em demasia com o futuro]. “O tempo é um problema essencial”.> [É hábito usufruir a Vida porque sabemos que Ela é breve].Segundo Henri Bérgson, “o tempo era um problema capital da metafísica”.> [Ainda, se pergunta: por que é que se morre? O que é uma coisa?]. “O tempo é fugidio - passa... Mas não, eternamente.>[Somos seres inacabados].
“A eternidade é todos os nossos tempos: passados, presentes e futuros”. > [Queremos deixar algo nosso para ser lembrado como legado.]. Segundo Plotino e o problema do tempo é. “Tempo é o presente atual; “é o presente do passado: a memória”. “O tempo é o presente futuro/devir a ser por nossa esperança ou medo”.> [No presente, sempre nos exigimos]. >[A memória pode ser perigosa e construtiva.].> [E, o que vem a ser, é um misto de esperança e medo do desconhecido.].
Já segundo Platão, “o tempo é a imagem móvel da eternidade”.> [Podemos vir nossa imagem pessoal/profissional/organizacional pelo desenrolar do tempo e, a nos indagar e refletir, sempre.] Mas William Blake, revela: “o tempo é a dádiva da eternidade”. “O tempo viria a ser um dom da eternidade”.> [Concordo, podemos em vida, sermos eternos, enquanto coexistimos em atitudes e de bens materiais e imateriais.].
“Que o tempo ocorre do futuro para o presente”; cita, James Bradley.>[A vida pelo tempo é, um eterno retorno...]. "O tempo procede da eternidade, é o que indica segundo a solução de Platão.> [Volta-se à origem das espécies ou coisas.].
A UNIDADE DO TEMPO - em série. Em fatos. >[A vida é uma colcha de retalhos pelo tempo e pela ação humana.]. "Cada um de nós pode ser uma cópia temporal e mortal do arquétipo do homem.> [Somos seres iguais ou semelhantes. E, a única diferença é o Tempo e a diversidade.]. “O tempo é a imagem da eternidade”.>[Podemos perceber a nossa imagem pessoal/profissional/organizacional pelo desenrolar do tempo e, nos indagar ou refletir, sempre. O que mudou?]. “O tempo está em contínuo movimento”.>[É como disse o cantor e compositor brasileiro, Cazuza (1958-1990) e Arnaldo Brandão: “Eu vejo o futuro repetir o passado. O tempo não pára...”].
“O presente – passado e futuro - o mais difícil, o mais inascível, seja o presente! E, não é o dado imediato de nossa consciência. O presente não se detém. Ele tem sempre uma partícula do passado, uma partícula do futuro. E, o futuro viria a ser o movimento da alma rumo ao futuro.>[Não se prever o nosso futuro a partir da visão presente, no sentido concreto dos fatos como um ”estalo“. Por isso, convivemos com a esperança e medo de aceitar.].
“O problema do tempo nos afeta mais que os outros problemas metafísicos. Porque os outros são abstratos. O do tempo é o nosso problema. A vida é uma eterna agonia. >[Somos afetados pelo Tempo por meio de nossos sentidos, que provém de nosso Corpo, que age, come, dorme, deseja, vive... Morre.].
Universidade de Brasília/UnB- Instituto de Arte-IdA.
Licenciatura em Teatro do Programa - Pró-licenciatura. UnB/UNIR/MEC/MÓDULO - Laboratório de Teatro 1
ATIVIDADE: Questões sobre o Tempo:- (A, B e D) [Questão C- aqui Optativa]
ALUNO(A): Professor Lúcio José de Azevêdo Lucena TURMA
TUTOR(A): Amanda Aguiar Ayres.
PROFESSOR: César Lignelli.

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