segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Estranhamento em Brecht, em textos de estudos e a peça Mãe Coragem

“Aquele que não ensina divertindo e não diverte ensinando não tem nada a fazer no teatro”. (Bertolt Brecht, imagem reprodução,abaixo)


Discutir o efeito de estranhamento na obra de Brecht, tendo como perspectiva a peça, Mãe Coragem, é falar da “quebra da 4ª parede no Teatro”, (influência do teatro chinês) de revelar a curiosidade e a diversão entre o espectador e de seus atores-personagens que, diante de tais acontecimentos em cenas, não se podem ir tão longe nem da próxima esquina de si mesmo.
Por outro lado, em estudos dirigidos de seus textos; do aspecto –efeito D– encaminha-se leituras e discussão, em entendimento e re-compreensão minha, para não-identificação do ator versus seus personagens. Assim, “em momento algum deve o ator transformar-se completamente na sua personagem”, (pequeno organon para o teatro, nº 48). Resume-se em tese, via Organon, sua concepção sobre teatro épico.

Por outro:

“(...) Montar um Brecht de hoje sem perder as características de estranhamento (verbo na 3ª pessoa e tempo no passado, narrar, comentar, informar a cena, exemplificar as ações do ator personagem etc.) sem esses elementos constituintes de Brecht citados e nem presentificados em cena não o fazem ser teatro épico (...).” (Fórum: Re: DICUTINDO BERTOLD BRECHT. Por Lúcio Jose de Azevêdo Lucena - quarta, 18 novembro 2009, 23:41.).

Ser teatro épico, (a seguir seus textos de estudos dirigidos aqui); o ator-narrador deve rejeitar qualquer impulso prematuro de empatia e trabalhar o mais demoradamente possível, como leitor que lê para si próprio. Deve representar os acontecimentos dando lhes aspectos de eventos históricos. Por isso do caráter épico, da narração.

E, transcrevo mais:

Sobre o espectador e seu ator de seu teatro, ele diz: do público ter atitude analítica e crítica perante os acontecimentos em quadros-vivos (...); em cena não se projeta qualquer atmosfera mágica; o ator deve ser nítido no gesto que demonstra e "não viver (...) os verbos de ação são: questionar, estranhar, ter curiosidade, criticar... (...) O personagem é sempre um estrato social. Tem o caráter de narrar ou criticar (ou a si mesmo), de organizar as cenas, os acontecimentos em 3ª pessoa, embora possa se projetar na 1ª como apresentação, criticas comentários; e, ao contrário de Stanislavski, o personagem deve viver a cena, em, Eu lírico - 1ª pessoa- subjetivo. GRIFOS MEUS. (Fórum: Re: DICUTINDO BERTOLD BRECHT. Por Lúcio José de Azevêdo Lucena - segunda, 23 novembro 2009, 19:00.).

Continuando, o ator deve ler o papel assumindo uma atitude de surpresa e, simultaneamente, de contestação perante suas falas e ações de cenas. Também de intromissão; dar indicação sobre a encenação e de servir comentários à parte. De se divertir e embriagar se pela música em inspiração operística ou da comédia musical presente em momentos de entradas; apresentação e comentários etc.; de querer romper com o gênero convencional do teatro dito dramático. Há sempre no ar, algo ensaiado e concluído. E, de atmosfera menos inaugural de sentidos; suspendem-se as não imagens mágicas; de fugir de poesias contemplativas.

Ao contrário, conta-se sempre com a presença da neutralidade e da mutação quanto aos comportamentos de caracteres, em atribuir o sentido da técnica da dúvida, da contestação, de descrição, de admiração, da revelação, de sugestão e narração, em função do que deve se justapuser no efeito D.

Veja como alguns exemplos - de fala –(uso de verbo: admirar\revelar) o estudo da peça, Mãe Coragem, abaixo:

“Mãe Coragem - Me chamam de Coragem, Sargento, porque uma vez; para escapar da falência , eu atravessei o fogo da artilharia de Riga, com cinqüenta pães na carroça; eles já estavam dando bolor, não havia tempo a perder, e eu não tinha outro jeito.”


Imagem reprodução\Louise Cardoso faz o papel de Mãe Coragem - montagem da Armazém Companhia de Teatro para "Mãe Coragem e Seus Filhos"-texto de Bertolt Brecht, sob direção de Paulo de Moraes-2008.

O ator épico deve decorar qual a razão da sua surpresa [admiração\revelação] e, em que momento contestou. Logo, ele descobre, revela e sugere o Texto como uma citação ou, outrora, um enunciado de fala ou da próxima cena a seguir – um quadro parcial dos acontecimentos em movimentos constantes.
Já o gesto (um estrato social – supracitado e, pela em minha escrita em fórum), deve ser básico – como uma cópia, embora, de caráter material de um gesto humano, afirma-se.

Por fim, Bertolt Brecht admite a presença da emoção em seu teatro e toda obra, desde que tais emoções venham carregadas de sentidos racionais; de alavancar a dialética do sujeito operante ou, de mobilizar em conhecimento cientifico UMA CAUSA - como uma força geradora e motriz de decisões.

Para isso, em seu Teatro (que bebeu na fonte do teatro chinês), deve-se contar sempre, com efeito, distanciamento - em linha oposta à emoção, contida no teatro dramático (unidade aristotélica de ação).

“Do not move unless there is a reason to move, and desire for variety is not enough of a reason”. (Bertolt Brecht, 1898-1956.)
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Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura. UnB/UNIR/MEC
Aluno PROFESSOR Lúcio José de Azevêdo Lucena- Lúcio Leonn
Tarefa Semana 5: Estranhamento em Brecht, em textos e a peça Mãe Coragem
Professor Marcus Mota -

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