domingo, 3 de janeiro de 2010

Cinema: sobre O filme Dogville - uma Pacata Cidade não Muito Longe Daqui - meu parecer

Universidade de Brasília(UnB)
Instituto de Arte (IdA)
Fortaleza-Ce: 13/07/09
Atividade\ disciplina TEORIA DA ARTE

Lúcio José de Azevêdo Lucena -lúcio leonn
professor GRAÇA VELOSO

Imagem (reprodução), poster


(i) em que gênero podemos classificar o filme, dramático, épico, pós-dramático?
Acredito que o filme, Dogville”, do diretor Lars Von Thrier, podemos classificá-lo, de: "dramático". Mas, na contemporaneidade é característico de linguagem de gênero pós-dramático.

Em sua ficha técnica, de divulgação, consta: gênero Drama (ou seja, dramático). Mas, sua linguagem e tratamento visual em cinema/teatro, considero pós-dramático. É só questão de terminologias, penso. Encontro respostas aqui, abaixo.

Suas características são: ruptura conceitual, desconstrução do dramático, descontinuidade ou mesmo recusa da trama, repetição de cenas, economia de recursos, uso de metáforas e de espaços vazios, formas escultóricas no espaço, teatro-imagem, dentre outros meios de materializar os conceitos de arte. Essas questões dizem respeito não apenas a uma nova escritura dramática, mas, sobretudo, aos vetores que abarcam os novos significantes no teatro”. (Módulo 8: Teoria da Arte, p.29.)

Alguns exemplos meus, abaixo, para construir tal pensamento, de pós-dramático:

ruptura conceitual(filme sendo realizado de forma não-convencional a comparar com elementos constitutivos cinematográficos, difere.)

economia de recursos(não há cenários,de tipos locações: internas(In)/externas(Ext.), como num filme. Há indicações de espaços físicos > dia e noite (mudança de tempo é realizado com refletores, divisão de tempo/cenas por narração) etc.

uso de metáforas e de espaços vazios: (abrem, batem e fecham as portas no abstrato (gestual) etc. Outra: Dog, (em Português= Cão/cachorro) + Ville= vila. "Dogville". O animal (Moises), é uma metáfora - torna-se invisível durante toda a cena e reaparece no final, de forma concreta. Passamos a vir o Dog/ a colera se firma em Grace.

formas escultóricas no espaço (acessórios, demarcações de espaços(físicos/habitat, árvores etc.) Por fim, há presença do narrador, mas os personagens não comentam. Não conduzem a própria/sua cena e também o não-narrar de suas ações>Seus diálogos desenrolam no presente e, uma das características de teatro épico seria o texto projetado pelo personagem/ator no passado e em 3ª pessoa. Além de uma trama histórica (cronológica e/ou caracteres de personagens).

(ii) qual é a trama e como ela se desenrola?
Desenrola-se em "Dogville". O personagem narrador apresenta os personagens/suas personalidades a cidade e demais cenas. Grace (a fugitiva/desconhecida) conhece Tom. Tom oferece sua ajuda. Logo, Tom indica um plano a Grace: (morar/refugiar-se em Dogville). Os habitantes são hostis com Grace, principalmente, as Mulheres. Há um prazo de duas semanas para Grace demonstrar sua idoneidade. Depois há 15 toques de sinos para sua permanência. Grace trabalha por favores para cada morador. Os moradores a recebem como membro da cidade. Ela é procurada e dada recompensa por sua captura. No entanto, Grace passa de desconhecida para “conhecida”; de boazinha, para má, heroína-vilã. No mesmo trilho, alguns personagens divergem de suas personalidades (polaridades iniciais) e de ações psicofísicas.

Também, há divisão de enredo/trama: primeiramente, Um prólogo (anunciação) e segue estrutura narrativa de filme contado em 09 capítulos (atos-divisão), como num teatro/peça. A narração, os diálogos e personagens, mediante ilustração em cenas em formas escultóricas e de gestual/interpretação de intérpretes. Além de recursos constitutivos do cinema e do teatro.

Sua estrutura de ação/tempo e espaço: Dogville (e, espaço mental: estrada/fuga de Grace) se desenrola, assim:

Prólogo- apresenta a cidade Dogville (R. Elmo) e seus residentes (“bons, pacatos e honestos” cidadãos).“No qual Tom ouve tiros e conhece Grace” (fugitiva os gangsteres). - é o capítulo 1;“Grace segue o plano de Tom e começa o trabalho físico.”- capítulo 2;“Grace se permite um pouquinho de provocação.” - capítulo 3;“Tempos felizes em Dogville.” - capítulo 4;“Enfim, 4 de Julho.” - capítulo 5;“Dogville envia seus dentes”. - capítulo 6; “Grace, finalmente, se cansa de Dogville e deixa a Cidade e de novo vê a luz do dia.” - capítulo 7;“Há uma reunião, enquanto, reunião é contada; Tom vai embora (mas volta depois).” - capítulo 8;“Dogville termina a visita (in)esperada e o Filme acaba.” - capítulo 9.

(Imagem, idem.)
(iii) como se dá o relacionamento entre as personagens?

De início, de forma hostil à Grace. Logo ela é desconhecida na Cidade. Embora, amparada por Tom, que logo se apaixona. Percebem-se membros familiares/suas relações (grau de parentesco) e manias de vizinhança Todos exploram Grace em nome do bem comum e do grupo, em manter seus hábitos e tradição local.

(iv) quais outros aspectos a discutir?

O filme Dogville - uma Pacata Cidade não Muito Longe Daqui; faz parte duma trilogia, com: “Manderley” e “Washington”.

Os personagens no/do filme “Dogville” se deixam corromper. E, vai ao encontro do segundo texto em (*) transcrição, abaixo.

Mas, pergunto:

seria por que tais habitantes e demais personagens estão a levar uma vida de cachorro? E, o que seria uma vida de cachorro (abandonados)? Viver na sarjeta, a margem da sociedade? Onde não prevalecem direitos sociais básicos?Além de serem sujeitos de direitos? Quais direitos? O que garante: o 4 de julho?

Depois, de tal polaridade/mudança de estado emocional (de Grace e, de demais personagens no desenrolar do filme), encontro o seguinte texto:

* “Na catarse é preciso que o herói trágico passe de um quadro de felicidade para o de infelicidade, da graça para a desgraça por alguma razão, gerando mudança de sentimentos e emoções no espectador”. (Módulo 8: Teoria da Arte, p.21. In: Saiba Mais.)

Outro:

“As personagens não agem para imitar os caracteres, mas recebem seus caracteres por acréscimos e em razão de suas ações”. (Lignelli (2008), apud PAVIS, módulo 7: Laboratório de Teatro, p.3).

Conclusão (Assim, Grace, vivenciou tal quadro> De desconhecida para “conhecida”; de boazinha, para má, heroína-vilã etc.).

***

Nenhum comentário: