sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Das Contraposições aos Principais Aspectos: breve compreensão de propostas Grotowskiniana -

Estudos do Teatro Laboratório (1959-1969), - transgressão entre o ato de fazer-se “pobre” e à projeção de uma “nova” relação em espetáculo: o ator-espectador\da Arte como veículo -
Imagem (pessoal), Foyer Theatro José de Alencar-dez-2009

Ao chegarmos diante do Mestre por meio de análise e da compreensão de seu fazer teatral aqui em estudo; Jerzy Grotowski - deixa-nos a par do Teatro em ligação - digo em nome de seu público (infinitos espaços de cenas) e da personificação da arte de atuar - por um corpo em dimensão estética de “pobreza” (intérprete em missão junto a si (pessoal) e ao público (ofício).
Por outro lado, também, de encenação em cadeias, elos sucessivos de sentidos (ensaios\espetacular\participação\tradição...); de busca da percepção em conceitos de: particularidade de apresentação (núcleo de ação teatral do teatro pobre: espectador). E, de origem de última fase conceitual do seu trabalho, denominada Artes Rituais ou Arte como Veículo (Action = trabalho - performances arts, sob a percepção do artista fazedor).
Por outro, em uma de suas contraposições, em favor da relação ator-espectador ele procura evitar o ecletismo em seus espetáculos. Outra: fazer montagem na percepção do espectador não é tarefa do ator, MAS DO DIRETOR. O ator procura libertar-se da dependência e da relação com o público, em prol da semente da criatividade. Revela como proposta o mestre.
Grotowski (texto: Em Busca de um Teatro Pobre (2007, pp. 105-112.), vai ao encontro\desencontro do mestre Stanilavski e concede-lhe como àquele a sinalizar a experiência em noção moderna de companhia (o Teatro de Arte de Moscou), e de essência do trabalho profissional via método sistema de interpretação, [in: Da Companhia Teatral á Arte Como Veículo, (idem, pp.226-243).]. Por outro caminho também segue com conclusões opostas as de Stanislavski, mesmo quando o mestre colocou questões metodológicas chaves para arte de interpretar.
Imagem (pessoal), Foyer Theatro José de Alencar-dez-2009, o mestre Eugenio Barba (Odin Teatret)-Amigo e companheiro de trabalho de Jerzy Grotowski, com quem trabalhou diretamente durante cerca de três anos. E, o ator Lúcio Leonn. Conferência: "A Dramaturgia do Ator."

Constata que, antes do século 19, era a presença do teatro em descendência e de sucessão familiar, do uso do ponto; além de pouquíssimos ensaios. Aponta que, deve-se definir data de estréia, caso ser jovem diretor, para dois meses e meio.
Aprofunda-se nas técnicas da biomecânica de Meyerhold; da síntese de Vakhtângov; do treinamento do teatro asiático como estimulo. Embora, não busca querer ensinar ao ator um conjunto pré-determinado de habilidades ou dar-lhe uma bagagem de truques e nem método dedutivo. É para o ator fazer total doação de si. Em que o impulso e a ação são coexistentes.
(imagens vídeorreprodução - espetáculo: "O Principe Constante", por leonn)

Segundo Grotowski, ainda, em fundamentação do texto supracitado, tal coexistência resulta num caminho da negação - cheio de eliminação de bloqueios sob os atores do Teatro Laboratório. Já o cotidiano do trabalho não se concentra na maestria espiritual e nem na composição do papel em processo pessoal de sustentação formal e de estrutura disciplinar. Avisa que, não há contradição entre a técnica interior e a artificialidade.

Outra questão: cair em forma no teatro é uma armadilha. Destilar os signos e o que há escondido nos gestos toma-se a oposição dele. Assim, fica difícil diferenciar os elementos de nossos espetáculos que foram pensados conscientemente e os que procedem da imaginação. Afirma.

Conceitua e propõe o teatro pobre e o seu espetáculo como ato de transgressão. Portanto, eliminar todos os elementos para ele ditos supérfluos e não cair no Teatro Rico, diz ele: de “defeitos”.

Renuncia-se por vez, o palco-sala em favor de atores atuarem entre os espectadores infinitas variações de proposições de encenação - criando a relação ator-espectador em cenas concretas e de sentidos (disposição física aos atores e espaço laboratorial de pesquisas).
E, no dizer de FERREIRA (2009):

são exemplos da busca de valores, da busca de uma ética no trabalho do ator através da criação de um espaço coletivo laboratorial’, no qual voltava-se o olhar para si mesmo (In: Introdução, p. 16): MITOLOGIA E ASCESE: JERZY GROTOWSKI “ALÉM DO TEATRO).

Pois, que o Teatro (apareceu sempre como um lugar de provocação) possa se expandir e fruir seus recursos mecânicos; em contrapartida, inferior no plano tecnológico, se comparado ao cinema e à televisão.
Outra contraposição: ao abandonar os elementos constitutivos do sistema teatral; há possibilidade de transição do ator frente a frente à platéia e por meio de uso controlado dos gestos e da voz revela em conjunto, a pura essência da Arte. Confirmam Grotowski, ainda como tais propostas acima, de seu trabalho em processos contínuos e de passos lentos.
Em seu trabalho como diretor era constante a presença de situações arcaicas, tornada santificada pela tradição, e de situações de tabus. Mais tarde, resultaram seus espetáculos como “colisão com as raízes”, “dialética da derrisão e da apoteose”, seguindo de “religião e expressar através do blasfemo em antônimo de amor.”

Grotowski propaga o confronto com o mito mais do que a identificação. Ainda que se privem nossas experiências, sob a luz da contemporaneidade, não nos deslocamos de tais relatividades problemáticas procedentes de nossas raízes (no pensar, de Nietzsche).

E, segundo, a fruição mítica pelo corpo do ator transporta a uma situação de mito concreto (arquétipos, sob visão de Jung) em verdade humana comum (representações coletivas, por Durkheim). Por outro lado, pode funcionar como um tabu. Logo, segundo Grotowski, suas formulações não derivam de disciplinas humanísticas, embora ele possa usufruir como análise.
Sobre Artaud e seu teatro da “crueldade” o reporta como um extraordinário visionário com escritos ausentes de significados práticos e de metodologia sistemática resultantes de ações atemporais e de surpreender com teores proféticos.

Jerzy Grotowski acredita, realmente, na enorme influência das tradições da ciência e da arte, até pelas superstições, se recorrer a certas formulações teóricas e se comparar as ideias de nossos predecessores; então, somos obrigados, claramente, as possibilidades da abertura de nosso trabalho diante de nós.

Percebe o teatro com certas leis objetivas e sua realização só se consegue por inserção delas. E, que ele não começou do zero por meio de atmosfera definida e de especial em seu trabalho, assim, por intuição dá reverência por atenção. Além de sólida formação em colaboração recebida pelo arquiteto Gustawski.

Grotowski propõe explorar as possibilidades extremas no ator, para crescimento enquanto diretor e a se projeta ao mesmo tempo via trabalho (sem ser unidirecional e didático). E, diante do ator exposto, (nasce no intérprete, a visão de mundo); concretiza-se dupla revelação por parte de ambos, ator e diretor em seus trabalhos. Deve-se encontrar algo que seja uma descoberta artística e pessoal em prol da criatividade – o que não se conhece. Um devir. Retratos de aceitação do outro.
IMAGEM(reprodução): atriz Julia Varley(1991). Espetáculo "O Castelo de Holstebro" -Encenação de Eugenio Barba retorna a Fortaleza-Ce, após 18 anos em 2009.

No entanto, diante do diretor\ator\encenação, no final de 4 semanas de trabalho não se sabe mais o que fazer nos ensaios– falta a razão sistêmica do que seja o trabalho com o intérprete e sobre a encenação.

Das companhias de teatro, Grotowski afirma que dão possibilidades de renovação em descobertas artísticas, margem de atores pesquisarem. Ao mesmo tempo, revela um perigo de parar-se no tempo, a companhia estável de teatro.

Em nome de Stanislavski, deve-se trabalhar o tempo para os ensaios, de elaboração de partitura física do ator e do trabalho em grupo. Logo, ao rever segundo a proposição de Grotowski; os ensaios (para descobertas do ator e de sentimentos) quanto ao espetáculo, revelam elos invisíveis. Portanto, não se deve antes, marcar datas de estréia.

Ao revelar o Teatro das Fontes (trajetória) e parateatro (não-ocultação) – segundo seu pensamento – o elemento vital pode bloquear e limitar-se no plano horizontal (corpóreas e instintivas): não permitir passar na ação acima daquele plano. E, o teatro das fontes se revela em nível da verticalidade. Com objetividade de ação sobre o corpo, o coração e a cabeça dos atuantes. Da Arte de Grotowski, se situa como veículo, segundo Peter Brook.

Grotowski compara um espetáculo de teatro como um grande elevador, que sobe na vertical (nível orgânico\ canto da tradição: estrutura “lógica” das menores ações) e, é sempre surpresa ao entrar e sair-se dele, como um evento bem realizado (um resultado).

Da ação (action) é a chave; se falta a estrutura tudo se esvai. Algo estruturado nos detalhes, que cada elemento tenha o seu lugar lógico, tecnicamente necessário. O aspecto artesanal ligado ao ofício. É, portanto, através das próprias ações que é necessário descobrir como aproximar o essencial aos nossos olhos – os intérpretes. Colocar o corpo em estado de obediência e em outra abordagem: em desafios com tarefas e com mais objetivos, “ilimitados” ou ditos “impossíveis”.

Do ponto de vista de Grotowski, (de fonte oriental), não se pode entender a própria tradição sem seu berço de fontes diferentes. Das fontes se referem principalmente ao berço ocidental. É o que ele chamou de corroboração na perspectiva de incerteza e de romper os hábitos mentais de cada ser. “Se em nível mental posso trabalhar sobre a mesma estrutura performática sobre a arte como apresentação e ao mesmo tempo, sobre arte como veículo?” Grotowski responde que não, deve-se procurar a arte como veículo no seu trabalho, com tal nível. Embora, durante os ensaios e no trabalho interior ou no trabalho sobre si. Ele, perante ação reage contra.

Segundo o mestre do teatro pobre e do “ator santo”, no nosso trabalho há um paradoxo. Ocupamos da arte como veículo, que pela sua inerência não se destina aos espectadores, mesmo assim encontram-se confrontos com diversos grupos teatrais na pratica, problemas ligados ao oficio, sem abandonar a arte como apresentação, ainda, sem incentivo de tal fato. Mas ao contrário, no panorama de continuação enquanto arte.

Por fim, durante o trabalho no Workcenter perante a formação dos atores, o Mestre Grotowski percebeu na arte como veículo as pessoas envolvidas diretamente, não como atores, mas como atuantes (aqueles que agem) no ponto de vista da trajetória da verticalidade. Houve também a presença doutra extremidade, que é a arte como apresentação. Logo, entre ambas deveria ser possível a passagem das descobertas técnicas, da consciência artesanal. Além de existir uma arte visível- pública – e a outra quase invisível, mas não completamente.

Portanto, acima, foram às contraposições dentre os principais aspectos do seu trabalho ou de compreensão de propostas Grotowskiniana que tive como estudos: O Teatro Laboratório (1959-1969); em que revela transgressão entre o ato de fazer-se “pobre” e de projeção de uma “nova” relação em espetáculo: o ator-espectador\ da Arte como veículo.

Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura. UnB/UNIR/MEC
Módulo História do Teatro 2
Professor Marcus Mota
Aluno Lúcio José de Azevêdo Lucena-Lúcio Leonn

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