quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Oficina Teatral: Uma Experiência Francesa que deu certo em Fortaleza

Artigo Jornal (extinto) Tribuna do Ceará-Espaço Tribuna Na Escola. Fortaleza-Ce, 15 de fevereiro de 1989, texto escrito por Lúcio Leonn, para participar do Concurso I Prêmio Repórter Estudantil.)

Imgem: atores franceses, a Secretária de Cultura, Violeta Arraes mais alunos-atores selecionados- Pausa para um registro. Teatro São José(1988). Foto Eliza Günther. Acervo pessoal.

Oficina Teatral:Uma Experiência Francesa que deu certo em Fortaleza

Em outubro da ano passado, a secretária de cultura ,Turismo e Desporto do Ceará, Violeta Arraes, prestigiou aos atores cearenses com uma oficina para estágio de teatro, através da Embaixada Francesa e da Universidade Federal do Ceará. Georges Bigot e Maurice Durozier prepararam cerca de 60 atores cearenses e ministraram curso para iniciantes.Todos foram selecionados para participar da Oficina Théâtre du Soleil, realizada no Teatro São José, no período de 30 dias. Em Crato, aconteceu a mesma oficina com o apoio de l3 atores da Capital.

Georges Bigot e Maurice Durozier, ambos do Théâtre du Soleil, e do grupo Comédian Dell'art em Carteucherie de Vincennes, onde funciona o teatro, deram uma coloboração para o teatro e para a cultura cearense, em prestígio internacional. A oficina teve como base , as máscaras da Comédian Dell'art, sob a orientação de Georges Bigot e Maurice. "Os atores improvisavam sobre as máscaras, os personagens clássicos da Comédian Dell'art, na qual, estive presente, na oficina, entre os 60 selecionados, e as máscaras permitiram os atores: sentir a personalidade interior do personagem, que a máscara representa; o respeito pelo público; da importância da entrada de personagem em cena; mexer e depois falar ou vice-versa, para que o público veja cada ação do personagem; acreditar na ação do personagem; entrar em cena com um estado emotivo; fugir do realismo; não realizar espaço; desenhar com o corpo, cada ação do personagem; pausas, para que o público sinta a presença do personagem em cena; exigir certa urgência, na ação do personagem...".
Também, não só com máscaras os atores improvisavam. Georges e Maurice falaram aos atores da oficina que "mesmo sem máscara ou maquilagem as regras são as mesmas: porque no palco, nasce o personagem e nasce também o ator. Faz-se teatro para o público; o público ama o personagem; o ator descobre seu personagem e no palco vai ao seu encontro; o ator vive no seu personagem e o personagem tem vida, nome e uma história; É um ser que sente emoção como uma pessoa humana, logo o ator não deve partir para a caricatura , porque atrás do realismo psicólogico do ator" o artista deve imitar o homem, como devia ser e não como são. O importante é captar uma coisa que não existe e levá-la à perfeição".

Com a fórmula de aproveitar tudo que os franceses passaram aos atores, se pode constatar alguns trabalhos em tempo de montagem, como: "Os Ciganos Simbolistas", realizado como amostra à Universidade Federal do Ceará-Centro Acadêmico de Letras, interpretados pelos atores Gonçalves da Silva, Robério Fefre e Gil Brandão. No palco os atores foram ao encontro do seu personagem através da máscara (maquilagem).

Programa-se vários espetáculos baseados na oficina, um desenvolvimento que foi muito além ... muito além da imaginação do nosso teatro de cada dia....
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fonte: parte integrante de sua pesquisa em pós-graduação, intitulada: "os processos de formação teatral em Fortaleza na década de 1990: memórias de uma ator"(2002).

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