sábado, 26 de outubro de 2013

Breves Experiências Artísticas e Estéticas como Aluno e como Professor de Arte: Memórias

por Lúcio José de Azevêdo Lucena
“Aos 15 anos eu sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças”, Pablo Picasso, pintor espanhol (1881-1973).

Professor caricaturado pelo Aluno

O PRIMEIRO contato, enquanto ALUNO de artes veio igualmente, por meio do Teatro na Escola. Minha professora de jardim1 ensinava-me a dramatizar e a brincar por meio da peça: “Dona Baratinha”. E, eu era o "personagem Ratinho que tinha um final trágico". Ainda, era um jogo dramático\teatral na minha vida que encaminhava-me sempre, com alegria. E, aquilo me marcou muito...

NOUTRO momento, contato deu-se nas antigas aulas de Educação Artística, em que havia muitas aulas teóricas sobre “Cultura e Civilização”. Nem havia desenhos, não. Assim, como poucos materiais de arte eram oferecidos a nós estudantes.

AGORA, o que eu mais gostava eram as festividades escolares quando escrevia peças e atuava, conjuntamente. Não gostava da situação em que, sempre: “fazia tudo sozinho”. Nem havia condução do processo criativo por parte de outrem.
Fonte da imagem ("A Música" -1939- Fauvismo, Henri Matisse): http://www.ibiblio.org/wm/paint/auth/matisse/

RETOMANDO as aulas de Educação Artística... O fazer arte enquanto atividade visual nem existia para mim. Aulas expositivas na lousa ou, o que chegava próximo a trabalhos artísticos era a confecção de cartazes temáticos por bimestre\estudos.

LEMBRO-ME que minhas atividades escritas eram realizadas com muito afinco durante as aulas. E quanto às teatrais eram elogiadas pelos colegas de classe no sentido de base na apreciação do gosto pessoal e do ponto de vista: “Gostei do que vi!”

AINDA, lembro-me de uma vez que, na aula de Arte eu convidei vários colegas da sala para montarmos um grupo de teatro para apresentarmos peças no pátio da Escola... A peça: “Minha Bela Herança para um Herdeiro Só”, foi a de maior sucesso.

Hoje, COMO PROFESSOR DE ARTE (Artes Visuais) procuro apreender para ensinar  desde os seguintes elementos: ponto, formas, linhas. Desenhos abstratos, técnica da isogravura etc.... Da História da Arte, até as cores e sua classificação. E, tendo como abordagem: a percepção visual, por partes dos educandos, o reconhecimento do saber fazer de si; a compreender para (re)significar os componentes estruturantes da Linguagem Plástica (pintura, desenhos, gravuras...) em abordagem pedagógica realizada por mim, professor em ambiência.

Fonte da imagem ("O Rio Sena",-1888- Pontilhismo - Georges Seurat): http://www.brasilartesenciclopedias.com.br/internacional/pontilhismo.html#fotos

ANTEMÃO, os materiais que costumo utilizar nas aulas são simples e comuns: caneta hidracor, cola, elementos da natureza, barbantes, lápis de cor, etc. Para citar alguns. O caderno do aluno costuma ser seu registro individual de Atividades de Arte no decorrer do ano.

REVELANDO as propostas de Ensino (para exemplificação aqui) há uma explanação teórica na lousa. E acompanha o livro adotado pelo professor. São momentos de aulas temáticas em ação pedagógica. Logo, não temos Livro\Arte (PNLD) pela Escola\Disciplina.

NOUTRO instante, parte-se para a prática contextualizando em certo pintor [Henri Matisse]\estilo\obra\criatividade ou a subjetividade do aluno, quanto à seu fazer inicial.

DE REPENTE, adentramos na proposição temática da aula, do dia...

Se utilizarmos  o elemento ponto - faz com que o aluno use-o: delineando, sombreando ou contornando com canetinha sua imagem criada antes a lápis de escrever.

E quanto às aulas de uso de linhas? - Quanto ao traçado e à forma? Criei uma abordagem de cultivo de desenhos, que chama-se: Ditados de Imagens.

Brevemente, sua descrição, abaixo...

Consiste na atividade dos alunos desenharem com base na percepção pessoal da imagem (visão de mundo sobre as formas naturais\abstratas) num quadrado, antes delimitado no papel.

Pronunciada pela voz do professor [exemplo: desenhe uma montanha... uma linha de trem...]. Outra hora, é dado um traçado [desenhe uma árvore tracejada e pontilhada e de traços finos]. Depois, segue-se à sua classificação de linhas. É realizada tal distribuição por identificação da linha dada pela escrita\desenho do aluno espaço delimitado da imagem representada. Tem como visão [à parte teórica], de momentos depois, da criação. 


ANTES, houve a contextualização do olhar e a representação\apresentação de linhas retas e curvas\traçados em aulas no quadro, anteriormente, do dia da realização do Ditado de Imagens.

É UMA ATIVIDADE que, todos os alunos participam. Em aulas, revelavam previamente: “não sei desenhar!” Tudo é questão de espaço propício. Treino...  Alguns educandos reagem com curiosidade, descobertas. Outros são a primeira vez do cultivo do seu desenho. Os alunos comentam que nossas aulas são animadas; o tempo passa rápido etc. Digo-lhes: "se sabem escrever; então, vocês sabem como desenhar".

PERCEBO no que se referem ao processo da elaboração de seus desenhos (espaço de nossos alunos) um “certo ar” de incredibilidade no seu fazer\desenhos; o não acreditar no seu potencial adormecido ou expressivo - quanto ao uso de linhas.

POR UM LADO, se preocupam em querer acertar durante o desenrolar ou no processo final; por outro, não querem desapontar-se perante si.

NO MAIS, ao produto final fica-se como o registro individual de cada aluno (portfólio) – para consulta ou apreciação visual, diante da turma e /ou individual.

EU LEMBRO-ME de uma vez que durante final de ano letivo\aulas de Arte eu fiz a exposição de trabalhos, enquanto exercícios de estudos apreciativos no Pátio da Escola. Assim, todos na Escola tomaram o conhecimento do que estávamos a fazer o ano todo, na disciplina de Arte. 

OS ALUNOS participantes puderam também, apreciar seus desenhos individuais – em situação de apreciação artística e crítica – posterior, ou, ao se perguntar diante da imagem criada: “Fui eu que fiz?”

DIGO-LHES, outra vez: “SIM! É o Estado da Arte!”




VÍDEO (2015) ;
E .M José Ayrton Teixeira. Disciplina de Arte. SÉRIE: 6º ANO – Linguagem: Artes Visuais




quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Projeto de figurino parte teórica - Texto, “O Judas em Sábado de Aleluia”, de Martins Pena

Projeto de figurino parte teórica
- Texto “O Judas em Sábado de Aleluia”, de Martins Pena

A Maricota é moça, bonita, ardilosa e namoradeira.
 (Agradeço minha irmã Luciene de Azevêdo, por dar corpo à Personagem)
Qual a poética do espetáculo?
Um espetáculo singelo em cena provinciana de\na cidade grande. O rústico será o elemento predominante na iluminação, no cenário e em figurinos. As cores: o ocre, o marrom, o branco, o preto, o cinza e a cor vermelho em figurino de Maricota para representar a paixão - terão importância na poética visual.

Qual a moldura proposta para a encenação?
Um espetáculo que deve perpassar-se num contexto de comunidade de morar em Casa de Vila. Ao redor da casa de vila, a cidade grande em contexto do final do século XIX.

Sobre o texto:

Que história é contada?
Comédia de costumes em ato único e composta de 12 cenas. Duas irmãs que estão muito preocupadas como o amor. Uma super paqueradora (Maricota), adora namorar e se envolve com vários rapazes ao mesmo tempo. A outra (Chiquinha) é tímida, sonhadora, romântica e está à espera do príncipe encantado. Ambas filhas de José Pimenta, cabo-de-esquadra da Guarda Nacional.

Qual o contexto histórico da dramaturgia?
A cena passa-se no Rio de Janeiro, no ano de 1844. É uma comédia de costumes que por meio do humor e da sátira procura revelar os costumes e conduta da sociedade.

Descreva uma breve história do autor e seus objetivos com o texto
Martins Pena nasceu no Rio de Janeiro (05\11\1815) e faleceu em Portugal\Lisboa (07\12\1848). Foi considerado o fundador da comédia de costumes no Brasil. Seus temas envolvem as tradições e costumes populares, como as festas do Espírito Santo, a “malhação” do Judas etc; os contrastes e diferenças entre o universo provinciano e o da cidade. Ele é considerado o precursor do realismo. Com o texto “O Judas em Sábado de Aleluia”, não há excesso sentimentais em seus personagens; nada é ideal, mas real.

• Qual o objetivo do texto?
Os personagens lutam e ultrapassam barreiras para ficar com a pessoa amada, não são perfeitos ou heróis, ao contrário, revelam seus desvios de caráter e defeitos. E, ainda: Uma comédia de costumes que por meio do humor e da sátira procura revelar os costumes e conduta da sociedade.

• Qual o tema principal da peça?
O amor entre duas pessoas. A corrupção no serviço público. O gênero Farsa. A comédia de costumes.

• Qual o modo de diálogo?
Predomina o diálogo entre os membros familiares; de forma direta e ao mesmo tempo em solilóquio em cena ou fora (à janela). E com os transeuntes. Composto de rubricas indicativas do texto em cena e de personagens. Há diálogo aparte. Indicações cênicas relativas à: movimentação\atitudes das personagens e cenário (Ambiente).

• Onde se passa a peça (pais, estado, cidade, etc.)?
Rio de Janeiro. Sala em casa de José Pimenta. Corredor. À porta da casa. Na escada dentro de casa.
• Quando se passa a peça (ano, mês, etc.)?
No ano de 1844. Em Sábado de Aleluia, mês de abril. Domingo de Páscoa.

Sobre as cenas em que a personagem escolhida aparece (dividido por atos ou cenas):
Ato único - Maricota em Cenas: I, II, III, IV, V, VI, VII e XII (final).


Clima da cena

Maricota- Cena I: à espera e à espreita de paquera à janela. Saudosista. Anseios.
Maricota - Cena II: cosendo. Silêncio.
Maricota - Cena III: solilóquio. Clima de decisão.
Maricota - Cena IV: galanteios. Perigo. Encontro a espreita. Acertos de contas em farsa.
Maricota - Cena V: em breve aparição na porta da direita, que espreita, receosa e ao capitão que fala em cena. 
Maricota - Cena VI: cena de suspense e de perigo.
Maricota - Cena VII: Ao participar de toda quadro de cena e com uma única fala em fim de cena.
Maricota - Cena XII (final): entra de tropel - clima de festa pascoal e de ação. Clima de farsa. Cai desmaiada na cadeira em que cosia. Suspense. Desacordo com o pedido de noivado.

Tipo de ambiente, espaço físico descrito

Sala da casa; ambiente em preparação para “queimação” de Judas. E, de receber o Sábado de Aleluia. Perigo de farsa eminente de encontrar e chegar o dono da casa.
Condições meteorológicas.
Não definido no texto. Mas penso em condição meteorológica considerada dentro do normal.
• Horários (dia, noite, etc.)
Dia. À tardinha. Noite.

Sobre a personagem escolhida (Imagem acima\abaixo):

A Maricota é moça, bonita, ardilosa e namoradeira.
• Qual a função de cada personagem (antagonista, protagonista, olhar do escritor, olhar do público, etc.)
A exploração do sentimento religioso, o contrabando de escravos, os comerciantes fraudulentos, os casamentos sob encomenda, ou então homens que se casavam por interesse financeiro. Ainda dentro da corrente romântica da literatura. Uma comédia de costumes que por meio do humor e da sátira procura revelar os costumes e conduta da sociedade. -Personagens do Texto:
José Pimenta, cabo-de-esquadra da Guarda Nacional. É pai de Maricota, Chiquinha e Lulu, Servidor Corrupto.
Maricota, a filha é a protagonista. Adora namorar e se envolve com vários rapazes ao mesmo instante (Ambrosio e Faustino).
Chiquinha sua única irmã, é o seu oposto no texto e, é coadjuvante. Amante de Faustino. No final casa-se com Ele.
Lulu (10 anos) é o moleque - irmão de ambas e, é o antagonista.
Faustino, empregado público. Trapaceiro e paquerador. Procurado  por José Pimenta.
Ambrósio, capitão da Guarda Nacional. Trabalha junto a José Pimenta. Paquera de Maricota e a escreve cartas.
Antonio Domingos, velho, negociante. Corrupto. Casa-se com Maricota em casamento arranjado por Faustino.
Meninos e moleques. Peraltas.

Sob o olhar do escritor não são perfeitos ou heróis, ao contrário, revelam seus desvios de caráter e defeitos. Olhar do público: duas moças velhas. Um velho pai cansado do trabalho burocrático. Uns meninos (entre eles, Lulu) peraltas e moleques. Empregados públicos corruptos. Um velho negociante fraudulento.

Quem é a personagem:

Maricota é filha de José Pimenta (cabo-de-esquadra da Guarda Nacional). A Chiquinha sua única irmã, é o seu oposto no texto. Tem relação sócia econômica dependente do pai e dum casamento sob encomenda. Regime de governo revelando a desorganização e a corrupção nos serviços públicos. Sua religiosidade presente é o de sentimento religioso católico.
Conduta ética, moral e sexual
Aética por ingenuidade, amoral e conduta sexual por casamento.
Características físicas, idade e aparência
Magra, baixa estatura. Cabelos longos e em rabo de cavalo. 40 anos. Moça-velha. Veste uma blusa e saia aos joelhos de cor vermelha, que cobre todo o corpo.
O que ocorreu com a personagem antes da peça começar
Recebeu as escondidas uma carta de Ambrósio sobre sua passagem à rua próxima à janela da casa. Permanece incógnita à irmã Chiquinha que cose e ansiosa, em espreitar a passagem de Ambrósio sem preocupação dos preparativos do dia de amanhã (Domingo de Páscoa). 

O que cada personagem pensa sobre o mundo
Segundo o pensamento de Maricota: as moças dividem-se em duas classes: sonsas e sinceras... Mas que todas namoram. Já Chiquinha dá graças a Deus e por fim (ambas) encontrar(em) um velho marido. Embora, Maricota prefere morrer, ser freira a casar-se com um velho.

Detalhes fornecidos sobre cada personagem como tipo de roupa ou tipo de cabelo
Segundo a informação do Texto, o personagem José Pimenta, em cena II, está com farda de cabo-de-de esquadra da Guarda Nacional - calças de pano azul e barretão – tudo muito usado.

Os moleques– os seus trajes casaca de corte, de veludo, colete idem, botas de montar, chapéu armado com penacho escarlate – tudo puído.

Ainda suscita e descreve longos bigodes e cabelos grandes para os homens.

Sobre Maricota no texto, Não há detalhes fornecidos. No entanto, penso ela vestir uma blusa de tecido de algodão com flores e corações em estampadas; além de mangas longas e saia aos joelhos de cor vermelha que cobre todo o corpo. Vestimenta com duas peças de roupas. Cabelos longos, preso em rabo de cavalo.

Tarefa: Execução do figurino pesquisado

Exercício de customização
Os materiais apontaram para uma execução baseada em peças pré-existentes de meu acervo pessoal, como também, de possibilidade artesanal pelo uso de papel oficio recortado, de lápis de cor e hidracor em peça de roupa customizada: a blusa, a gola. A Saia.
Personagem Maricota
“O Judas em Sábado de Aleluia

SAIA
(Saia customizada em costura justapondo em outra saia curta acervo pessoal pela costura em barra)
Mais informação: Texto “O Judas em Sábado de Aleluia”, de Martins Pena - 8ª Série. Literatura em minha Casa. Companhia Editora Nacional. Volume 4- Peça Teatral. Ministério da Educação (FNDE\PNBE) - 2003. 64p.
***
Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura
UnB/UNIR/MEC
MÓDULO
Módulo Suporte Cênico

ATIVIDADE
Projeto de figurino parte teórica
PROFESSORA:
Cyntia Santos


ALUNO(A)
Lúcio José de Azevêdo Lucena -lucio leonn


TUTOR(A)
Eliana Severino dos Santos
DATA
19\12\10
16h39min

sábado, 20 de julho de 2013

Subcapítulo “Breve estudo de Jogos Teatrais, segundo Viola Spolin e, a partir da fundamentação comparativa e\ou colaborativa de demais pensadores (Brito, Koudela, Leenhard, Lignelli;Lucena, Santos, Slade)”

Prof. Esp. Lúcio José de Azevêdo Lucena [Lúcio Leonn]
“A alfabetização teatral é necessária porque é uma forma de comunicação poderosa e útil nas transformações sociais”. Augusto Boal (1931-2009)

Projeto Teatro Aplicado à Educação(2008): Interpretação Cênica/Emeif Herbert de Souza-alunos (3ª e 4ª série) -apresentação de: "Os Três Mago, de Erico Veríssimo. Docente (2006- 01\2012)

No Brasil, jogos teatrais é a designação dos jogos improvisacionais, “para fins de preparação de atores profissionais ou na utilização de frequentes exercícios de teatro para iniciantes ou mesmo nas atividades escolares”. Tal sistematização dos jogos teatrais antes, contou com a forte influência metodológica, a partir das atividades edificadas pela professora Neva Leona Boyd (1876-1963), mestra e inspiradora por toda a vida de Spolin (ver CAMARGO, Robson Correa (UFG).). In Neva Leona Boyd e Viola Spolin, Jogos Teatrais e seus Paradigmas)1.

Segundo Ingrid Koudela (in SPOLIN, 2008, p.22) a diferença que se estabelece por Spolin entre “dramatic play” (jogo dramático) e “theater game” (jogo teatral), é a introdução da regra no conceito de jogo (In Jogos Teatrais na Sala de Aula: um manual para o professor). Ambos, de maneira nenhuma, não se podem confundir, “na medida em que jogo teatral pressupõe um conjunto de princípios pedagógicos que constituem um sistema educacional específico”. (in Spolin, 2010, p.05. Improvisação para o Teatro) Portanto, Spolin esclarece que se trata de exercícios de atuação.
Por outro lado, LEENHARD (1974, p.23) enfatiza que, “o jogo dramático não é teatro.” E, complementa, adiante (In A Criança e a Expressão Dramática. Capítulo II – o jogo dramático, p.26):

Mas também é por si só a possibilidade completa de expressão dramática para a criança. É uma técnica que pretende responder a necessidade definidas. Apoiando-se na improvisação de situações sobre temas propostos à criança ou escolhidos de entre os que ela imaginou, (...). Trata-se de dar à criança ocasião para exprimir uma sensibilidade pessoal, de levá-la a adquirir os meios dessa expressão através duma disciplina do corpo, da emoção, por uma disciplina social também, enfim, de lhe dar acesso, por uma percepção vivida, à linguagem teatral.

Seguindo o pensamento complementar acima, Leenhard vai ao encontro de princípios e método (dois eixos do sistema de Jogos Teatrais) de Viola Spolin, no que diz respeito ao conceito do jogo dramático e teatral (vivência ou experimentação) à concepção interacionista e sócio interacionista inserida no campo teatral (claramente, norteados pelas teorias de Piaget, Vygotsky e Wallon). Vejamos os fundamentos teóricos, que igualmente estudiosos não cessam de referendar na obra de Spolin;

Todas as pessoas são capazes de atuar no palco. Todas as pessoas são capazes de improvisar. As pessoas que desejarem são capazes de jogar e aprender a ter valor no palco.
Aprendemos através da experiência, e ninguém ensina nada a ninguém. Isto é válido tanto para a criança que se movimenta inicialmente chutando o ar, engatinhando e depois andando, como para o cientista com suas equações.
Se o ambiente permitir, pode-se aprender qualquer coisa, e se o individuo permitir, o ambiente lhe ensinará tudo o que o que ele tem para ensinar. ‘talento’ ou ‘falta de talento’ tem muito pouco a ver com isso (In A Experiência Criativa. 2010, última edição p.3.).

Por outro olhar, em comparação, SLADE (1978, p.19) e seu “Jogo Dramático Infantil” vêm a contribuir, perspectivamente, com duas formas de jogo (dramático): jogo pessoal (eu total) e jogo projetado (Arte), em que a “improvisação” torna-se “ensino de teatro além de ser educação, e é à ‘base’ do jogo dramático infantil” (Slade, p.93). Isto é, segundo o autor, atinge alto grau de importância maior quanto à relação de ensinar, propriamente, o teatro. E, antes, Slade é categórico: “Jogo, não teatro” (Slade, p.17).


ENSAIO TEATRO\ LENDA IARA- EMEIF LIREDA FACÓ -SEMANA DO FOLCLORE BRASILEIRO- 2007 -7ª; 8ª série- docente:(2006-04\2010.

Em análise teórica e colaborativa de SANTOS (2002, p.53) sobre o sistema de Jogos Teatrais de Viola Spolin busca-se aprofundar resumo, aqui;

De modo geral, a prática dos jogos teatrais inclui: o acordo grupal, realidade a ser jogada, estabelecida entre atores (quem joga) e a plateia (quem assiste); a estrutura do jogo, determinada pelos aspectos onde (o ambiente em que se passa a ação), quem (os personagens) e o quê (as ações dos personagens); o foco, problema a ser solucionado, que envolve aspectos específicos da comunicação teatral (avaliação); e a instrução, intervenção pedagógica que ocorre durante o desenrolar do jogo e que visa a auxiliar os jogadores a solucionarem, de maneira orgânica, os problemas de atuação, (o papel do facilitador\avaliação) evitando que a atenção dos atores seja desviada do seu objetivo. (Destaques e enxertos meus, a partir da obra de Spolin - Jogos Teatrais na Sala de Aula: um manual para o professor)

É de suma importância destacar para tornar favorável ao aprofundamento teórico acima ou implementação, três elementos essenciais de todo o jogo teatral de Spolin, a saber: o foco (coloca o jogo em movimento), instrução (guia os jogadores em direção ao foco, gerando interação, movimento transformação) e avaliação (não é julgamento; nasce e procedente, também, do foco, da mesma forma como a instrução). Outro enxerto e grifos meus, a partir da fundamentação (Spolin, 2008, pp.32-34. In Jogos Teatrais na Sala de Aula: um manual para o professor), conforme nos alerta em dar atenção especial aos jogos teatrais, obra supracitada.

Contudo, o importante estudo de Koudela (vide "Jogos Teatrais", 1984) ainda, seguindo a análise de Santos (2002, p.45; p.51) destaca a interface pedagógica de Spolin entre o jogo cênico de Stanislavski e a influência da teoria psicogenética de Piaget (para sinalizamos aqui outros dois, principais teóricos da psicologia humana, mais uma vez, citamos Vygostky e Wallon.). Logo, ressalta-se que os três teóricos são estudados\analisados hoje por diversos pensadores sobre o desenvolvimento infantil e as suas implicações na vida escolar, contribuíram para os fundamentos de pesquisas epistemológicas à construção de conhecimento na área de arte\educação\teatro.

Outro termo relevante (um dos conceitos primordiais para entender os jogos teatrais), por última fundamentação em Santos (2002, p.51), presente na metodologia spolinana é o conceito de fisicalização que “designa a manifestação física do ator e relaciona-se ao verbo mostrar (realidade física; ação), em oposição a “contar” (verbalizar, a não-ação)”.



Exercício em bioenergética: vocal e corporal-Projeto Teatro Aplicado à Educação (2008)-Emeif Herbert de Souza

Portanto, numa última observação nossa via breve estudo de Jogos Teatrais, segundo Viola Spolin, a partir da fundamentação comparativa e\ou colaborativa à luz de demais pensadores nos faz aqui reconhecermos o termo: subjetivo (presente na sistematização da autora); logo, tal processo consiste no envolvimento de si; mas a falta de capacidade “para entrar em contato com o ambiente e deixar que este se mostre; dificuldade para atuar com os outros; defesa que torna difícil compreender como jogar o jogo” (In Improvisação para o Teatro. Spolin, 2010, p.348.).

Pois, busca-se assim, sinalizarmos para justapor numa só ideia ou importância, o conceito de (ou não) - fisicalização quando ocorre no plano da subjetividade de seus jogadores. (Mais informação conferir em “A Fisicalização no Sistema de Jogos Teatrais” GAMA, Joaquim (Uniso).)2

Em conclusão, o facilitador com olhar metodológico nos caminhos possíveis de jogos teatrais, de início, deve saber diferenciar jogos teatrais, de dramáticos, bem como suas características de plena efetivação.

Teatro-educação-Emeif  José Ayrton Teixeira [2002?]-6ª série-Docente(02\2001-Até hoje)
O facilitador deve propor e conduzir os jogos, sempre agindo como um guia para o grupo. Como também, ter nítido quanto ao foco/objetivo de proposição em jogo/ambiente. Ele deve procurar compreender as finalidades dos jogos teatrais em educação formal e não formal, como, promover a inclusão, de: autonomia do sujeito; do desenvolvimento cultural em possibilidade lúdica; da ética; do engajamento; a perceber a sua função social. De também, abordar de forma pragmática via jogos sua eficácia. Do valor dos jogos - quando depende de como é aplicado e/ou conduzido (por Ele), em situação improvisacional ou de maneira lúdica.
No mais, o mediador deve entender que os jogos teatrais procuram proporcionar em quem joga/aplica princípios relevantes, de: atuação/direção. Ação/reação. E, possibilidades de efetivar via linguagem cênica em noção de tempo, espaço e ação.
Outro momento desafiador é o de entender e diagnosticar os participantes em tática e de procedimentos em jogos, para seguir futuramente, com uma possível intervenção pedagógica. Além de desenvolver de forma eficaz - os jogos - pela organização e facilitação em ambiência.

Como professor\facilitador deve procurar se indagar. Quem sou eu? Que lugar ocupa perante este grupo ou instituição? E, para responder tais questões, deverá levar em conta às características do grupo, da instituição e da mediação; como também, das seguintes condições, elencadas: 1. socioeconômicas. 2. faixas etárias. 3. gênero.4. sexualidade. 5. religião. 6.valores.


Projeto Teatro Aplicado à Educação(2008): Interpretação Cênica/Emeif Herbert de Sousa-alunos (3ª e 4ª série) sob coordenação/aprendizagem\ensino, Lúcio Leonn.-(Bastidores-pátio -apresentação de: "Os Três Magos", de Erico Verissimo
Ainda, o facilitador deve gerenciar e planejar (sempre que possível), o mapeamento do grupo/instituição – onde ele visará o reconhecimento/sondagem do todo; o local e, de como proceder, a fim de procurar cumprir seu objetivo e de contexto em jogos teatrais/ambiente. Entretanto, deve saber como proceder e mediar junto aos participantes quanto à condução da Oficina bem como, sua forma quanto à: duração; dos graus de: disposição/exposição dos educandos e de complexidade, em jogos etc. E, perceber que, durante o Planejamento da Oficina e ao levar acréscimo de jogos – o facilitador deverá problematizar mais uma vez, e, a se indagar: o que esse jogo tem a oferecer? Quais os problemas potenciais? Como amenizá-los ou solucioná-los?
Entretanto, o coordenador deverá realizar alguns procedimentos, (como auxílio pedagógico em trabalho) e, no momento/durante a mediação em Oficina/mapeamento. Tal fazer resultará na construção e ampliação de: 1. Desenvolvimento de um Vocabulário. 2. Regras explícitas, em contextos diversos. 3. Clareza. 4. Duração. 5. Segurança dos participantes. 6. Diversidade dos grupos. 7. Estímulo via estratégias aos participantes. 8. Não forçar os participantes no processo (Segundo Lignelli, 2008, in Lucena, 2009).3


Finalizando, indo dum percurso investigativo ao Tema. Há um debate teórico com os pressupostos básicos de nosso jogo. Tal pesquisa: “Jogo Teatral na Pedagogia da Criação Cênica” (UNIRIO/UERJ), estabelece a relação entre o jogo e o teatro, denominado: Teatro Lúdico. E, segundo seu pesquisador, (BRITO, 2009, p.06): “vê o espetáculo como um jogo e o ator como um jogador”. Duas de suas principais características ou argumentos norteados.
Resumidamente, as bases desse jogo jogado coletivamente, seguem alguns sentidos artístico-pedagógicos. Vejamos.
1 - O jogador de teatro deve buscar o aprimoramento técnico da matéria prima de sua arte, isto é, seu corpo e voz. Assim, é necessário preparar o corpo e a voz para executarem movimentos flexíveis e relaxados.
2 - A mente do jogador deve estar sempre em ação, apta para receber e responder aos estímulos que o rodeiam e definem as circunstâncias em que o jogo acontece.
3 - O estímulo recebido é transformado em ação que se realiza de acordo com o clima dramático da cena.
4 - Cada jogador tem uma posição definida dentro do jogo, isto é, conhece o seu personagem e a função que ele representa na narrativa teatral.
5 - Cada jogador deve ficar durante todo o jogo numa ação permanente. Mesmo que a jogada aconteça entre outros jogadores, ele precisa estar sempre ligado na ação dramática que é a bola de seu jogo. Assim, no momento em que a bola vier em sua direção, ele apenas dará continuidade à jogada, sem perder o ritmo do jogo.
6 - Cada jogador, ao executar uma jogada, cria os espaços em que ela deve acontecer e abre-se á possibilidade da intervenção do outro.
7 - Cada jogador precisa ter sempre a consciência de que o jogo do teatro se dá por uma relação de troca. Ele está sempre dando alguma coisa e recebendo uma outra.
8 - Quanto mais claro for o objetivo de cada jogador, mais ele sabe o que tem para dar, ao mesmo tempo em que reformula, enfatiza ou muda sua posição dentro do jogo, de acordo com o que recebe do outro.
9 - A jogada é tanto mais bem executada, quanto mais claro for o clima que se formar a partir da relação entre os jogadores (alegria, tristeza, ódio, etc.).
10 - O objetivo do jogo do teatro é a formação de climas que traduzam racional e emocionalmente uma posição diante da vida.
11 - Jogar teatro é criar uma brincadeira onde se discute a vida e se aprende a viver melhor (Brito, 2010, p.07).


Projeto Teatro Aplicado à Educação(2008): Interpretação Cênica/Emeif Herbert de Sousa-[Apresentação inicial] : O facilitador

"Cada jogador precisa ter sempre a consciência de que o jogo do teatro se dá por uma relação de troca. Ele está sempre dando alguma coisa e recebendo uma outra". (Brito, 2009)

















Assim, tal pesquisa junto à Pedagogia do Teatro consubstancia-se ao percurso investigativo à luz do nosso referencial teórico e objeto de estudos: o jogo teatral para o ator ou aprendiz cujo desdobramento deste subcapítulo, resultou como parte excluída no Capítulo 2 (o jogo condicionado ao conceito: ação – sob o ponto de vista teatral\pedagógico). Logo, o afunilamento do tal percurso teórico e\ou a fruição, quanto à abordagem metodológica demarcou na época (2012) uma lacuna na Pesquisa durante a fase de conclusão. Isto é, derivam o subcapítulo hoje, em “fragmentos ocultos” da pesquisa anterior, intitulada: “Trajetórias, Projetos e Teatro: Apontamentos Memoriais da Formação Artística e Acadêmica de um Professor/Ator”4, que conjuntamente, possibilita-nos o vislumbramento: a parte excluída e o todo (estudo teórico\prático). 
Portanto, vem aqui suprir este trecho adaptações do autor, via Blog. Visando a construção de pensamentos de movimentos voltados à conexão teórico-prática ou à interface temática, a fim da complementação de leitura apreciativa, ambos os textos. ____________________
1  Texto disponível em: http://www.eca.usp.br/salapreta/PDF02/SP02_039_camargo.pdf. Ou ainda, “O Jogo Teatral e Sua Fortuna Crítica....”. Acessado em ago-2012.  (http://www.revistafenix.pro.br/PDF22/TEXTO_22_RESENHA_ROBSON_CORREA_DE_CAMARGO_FENIX_JAN_FEV_MAR_ABR_2010.pdf). Acessado em Ago-2012.
3 O Facilitador de Jogos Teatrais (Série em 03 programas). Professor César Lignelli. Realização Universidade Aberta do Brasil (UAB)|UnB-TV. Roteiro de César Lignelli e Thiago Cruz. Direção de Neuza Meller e Thiago Cruz. (Vídeo 1  -Partes I, II e III). Restrito aos cursistas. Abril, 2008.
4  Pesquisa “Trajetória, Projetos e Teatro: Apontamentos Memoriais da Formação Artística e Acadêmica de um Professor/Ator”. Trabalho de conclusão de curso apresentado a UnB – Universidade de Brasília, Departamento de Artes CÊNICAS, IdA, setembro de 2012 –, como requisito para a obtenção do título de Licenciatura em Teatro. Disponível também, em: http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/5295/1/2012_LucioJosedeAzevedoLucena.pdf

Fontes consultadas

BOAL, Augusto. In: Introdução (I – Entrevistas, p.17.). 200 exercícios e jogos para o ator e o não-ator com vontade de dizer algo através do teatro. 12ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1995. 124p.

BRITO, Iremar Maciel de (2009). Jogo Teatral na Pedagogia da Criação Cênica. Disponível em: . Acesso: agosto de 2011.

LEENHARD, Pierre. A Criança e a Expressão Dramática. Tradução Maria Flor Marques Simões. 2ª ed. Editorial Estampa, 1974. 126p.

LUCENA, Lúcio José de Azevêdo (Aluno-professor). Atividade Listagem dos princípios para a atuação do facilitador abordados no vídeo 1,  (Partes I, II e III). (Transcrição\adaptação\ anotações das falas em vídeo).  Módulo Laboratório de Teatro 1. Professora-tutora Amanda Aguiar Ayres. Professor-formador César Lignelli. Curso Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura. Universidade de Brasília (UnB)\Instituto de Arte(IdA). Polo Ceilândia-DF, 26/04/2009. 2p.

__________, Lúcio José de Azevêdo. In: JOGOS dramáticos e teatrais-(conceito: Ação (espaço/tempo)): SUGESTÕES DE ATIVIDADES - via Projeto de Teatro Aplicado. Ano 2009. Vide parte do Texto disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2009/10/jogos-dramaticos-e-teatrais-conceito.html Acessado em Junho-2012.

SANTOS, Vera Lúcia Bertoni dos. Brincadeira e conhecimento: do faz de conta à representação teatral.- Porto Alegre: Mediação, 2002. -(Cadernos Educação e Arte: 1). 128p.

SLADE, Peter. O jogo dramático infantil. Tradução de Tatiana Belinky; direção da> edição de Fanny Abromovich. São Paulo: Summus, 1978 (novas buscas em edições; v. 2). 102p. 

SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro / Viola Spolin; [tradução e revisão Ingrid Koudela e Eduardo José de Almeida Amos]. - São Paulo: Perspectiva, 2006. - (Estudos; 62 / dirigida por J. Guinsburg.). 351p.
                                                                                  
__________, Viola, Jogos teatrais para a sala de aula: uma manual para o professor\ Viola Spolin; [tradução Ingrid Dormien Koudela] – São Paulo: Perspectiva, 2008. 321p.

Imagens Blog
Acervo pessoal=Artista-educador Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn)


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Vide mais breve texto meu sobre a “influência da teoria psicogenética de Piaget (...) Vygostky e Wallon.). (...) três teóricos (...) estudados\analisados hoje por diversos pensadores sobre o desenvolvimento infantil e as suas implicações na vida escolar, (...) fundamentos de pesquisas epistemológicas à construção de conhecimento na área de arte\educação\teatro” . IN “Sob a luz de saberes, estudos e interação da psicologia - constrói-se conhecimento pedagógico: vida escolar/profissional e a organizacional: vida pessoal/social”. Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2008/11/sob-luz-de-saberes-estudos-e-interao-da.html
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E, mais (imagens) no arquivo "Da necessidade da Psicologia para o(a) aluno(a) do Curso de Licenciatura em Teatro e a importância deste SABER-FAZER -- O futuro profissional da área de Teatro-Educação" Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2008/12/da-necessidade-da-psicologia-para-oa.html

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Vide< também: ”Da visão sob Stella Adler, segundo seu livro “Técnica da Representação Teatral”, como fonte de pesquisa teatral, segundo investigação cênica de Lúcio Leonn”.  Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2013/02/da-visao-sob-stella-adler-segundo-seu.html