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Para
Stella Adler (1901-1992) o objetivo do seu livro é contribuir para dar ao
intérprete procedimentos técnicos e levá-lo a imersão com alma e ofício que ela
considera: “ser uma totalidade de coração, mente e espírito – uma arte que
libera ideias e, agindo dessa forma, transforma o ator num instrumento de
propósito artístico”. A propósito, um bom intérprete pode seguir lutando por
esse ideal. Afirma-nos.
Tornar
evidente quanto às opiniões do dramaturgo e eficaz ao expressá-las é obrigação
de todo o intérprete da cena. Ele não deve ocupar-se de opiniões do autor
fortuitamente. Necessita progredi-las de maneira que sejam do Homem. As ideias
conservam as boas-fés pelas quais as pessoas tendem a existir. Essas boas-fés
são comunicadas pelo intérprete cênico. Por esta razão, ele se transforma num
partícipe essencial da sociedade que colaborou para o mundo contemporâneo.
Por
um lado, Stella Adler não faz somente uma autocrítica quanto às atitudes de
muitos atores americanos na distorção e no uso do sistema de Stanislavski,
propriamente o “Método”. Tanto que defende no seu livro com o seguinte ponto de
vista: “O objetivo da técnica que ora enfatizamos é afastar o ator daquelas
técnicas antiquadas ou que foram usadas com abuso em nome de Stanislavski”
(Capítulo 12 – A contribuição do ator – ADLER, 2008, p.173). E nesse meio
tempo, após ter atuado e dirigido no teatro americano, teve a oportunidade de
estudar pessoalmente com ele em Paris, ano de 1934.
Nos
momentos que atuava, Adler começou a lecionar e dirigir, na intenção de
distorcer o que criaram acerca do sistema do Mestre. Seu ensino era e é baseado
não apenas nas ideias do mestre russo, mas igualmente num método natural que
está acessível a todos.
Por
outro, críticas de como os atores americanos menosprezam muito o valor de sua
consciência coletiva; a vaga opinião do que seja tradição. Além da alienação
dos Estados Unidos com o entorno do mundo ocidental, sem interligação intertranscultural;
o abandono de toda tradição e de todo o sentido histórico; e, no trabalho
teatral um mal se abateu aos atores quando lhes persuadiram que teriam que se
ensaiar na cena ao invés de experimentar as circunstâncias dadas.
Outro
instante de atuação, apontado por Stella nos atores americanos, é que eles têm
terror de grandiosidade. “Quando às ideias do autor são universais e épicas, o
ator se retira. Tem medo de exagerar. Traz as ideias do autor para seu nível
mais simples, que ele chama de ser real no palco”. Nos sinaliza Adler (p.156).
Por
fim, sem darmos igualmente muita vazão ao movimento de multiculturalismo
norte-americano ou o etnocentrismo ou preconceito contra estrangeiros, em
contraponto, se levarmos em conta a diversidade cultural ou campo de atuação
(escolas de teatro\ensino-aprendizagem\atores e atrizes) no Brasil; além de
tentarmos reescrever aqui que: “[...] ‘os equívocos
referentes à Stanislavski tenham sido bem menores, possivelmente devido à
presença de Eugênio Kusnet entre nós. [...] Kusnet, entretanto, não chegaria a
atingir as proporções que o Método de Strasberg teve nos Estados Unidos.
[...]’” (Rizzo p. 57). Vide suptópico “Breve visão de Jogo(s)\(teatrais),
segundo Stanislavski\Brecht, Capítulo 1, (In LUCENA, 2012, p.19).
Então,
tal terceiro mestre (Eugênio Kusnet, "Ator e Método", 1975) ou, o que ora ressaltamos sobre a obra de
Stella Adler (atuação\direção)\pedagógico), é o que torna a seleção relevante dentro dum contexto
atual de ensino ou na busca de uma abordagem. “E não uma técnica, de imediato”. Ressaltamos.
Sem dúvida a escolha do livro de uma atriz, antes de tudo professora nascida em Nova Iorque e filha de atores “tradicionais” da América; se deu justamente por esse olhar desbravador de artista\educadora tendo à frente todo o ensino e pensamentos absortos de Constantin Stanislavski. No entanto, da prática metodológica de Stella Adler na tentativa de continuar exercendo um Teatro sob a dimensão da verdadeira arte de atuar e, na especificidade de cada influente professor (a); seu aluno-ator\atriz – ambos num curto tempo e espaço breve da vida; se o personagem for “bem interpretado” permanecerá maior que a Vida (memorial pessoal – vida teatral\profissionalmente): Alteridade.
Observamos
(Adler, 2008) seu relevante ponto de vista.
O ator de hoje precisa ser ajudado. Aqui, a influência do professor é
muita específica. Ele orienta o ator quando este começa a trabalhar com ideias.
O esclarecimento do texto, o entendimento do personagem, do estilo, da
linguagem, do ritmo da peça – estimulam o ator a experimentar a vida e o estilo
do dramaturgo. [...] A arte de ensinar deve ter um alicerce forte. Meu ensino
era e é baseado não apenas nas ideias de Stanislavski mas também num sistema
natural que está ao alcance de todos. Atuar é um trabalho obstinado, necessitando
de atenção constante e de planejamento rigoroso. Não é algo para gênios. É para
pessoas que trabalham passo a passo. (In Introdução.
Tópicos: o ator e a profissão p.16; o impulso de representar p.19).
Por um aspecto
metodológico, “tornou-se essencial sua fundamentação teórica. Adquiriu neste
trabalho (TRAJETÓRIA, PROJETOS E TEATRO:
APONTAMENTOS MEMORIAIS DA FORMAÇÃO ARTÍSTICA E ACADÊMICA DE UM PROFESSOR/ATOR²) um caráter técnico exemplificador (conjuntamente, investigativo), porque teve
tudo a ver com a pesquisa e tema (pedagogia do teatro\direção teatral), em destaque”. Enxerto
meu.
No mais,
poderíamos ir direto ao ponto: três livros básicos publicados pelo mestre, “A
Preparação do Ator\A Construção da Personagem\A Criação de um Papel” que,
estudados com afinco por todo estudante de curso de arte-dramática (o que se
espera pelo menos uma leitura de cada) poderíamos aprofundar seu teor
referencial via fundamentação teórica. Mas, o que está em voga é a
experimentação sistemática de olhar prático em grupo, liderado por aqueles
professores (as) que sobreviveram aos “erros e acertos” junto ao sistema
stanislavskiano século passado. E, Stella
Adler se ressalva como uma dessas pessoas de passagem\espaço de seu tempo ao nosso.
Fontes consultadas
ADLER, Stella. Técnicas da Representação Teatral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
Fontes consultadas
ADLER, Stella. Técnicas da Representação Teatral. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
KUSNET, Eugênio. Ator e Método. Rio de Janeiro: Serviço
Nacional de Teatro - Ministério da Educação e Cultura, 1975.
LUCENA, Lúcio J. A. (Lúcio Leonn) - Trajetória, Projetos e Teatro: Apontamentos Memoriais da
Formação Artística e Acadêmica de Um Professor/Ator. 2012. 62f. Trabalho de conclusão de curso (Licenciatura em Teatro) – Universidade de Brasília (UnB). Instituto de Artes(IdA), Brasilia\Fortaleza, 2012.
RIZZO, Eraldo Pêra. Ator e estranhamento: Brecht e Stanislavski, segundo Kusnet. São Paulo: editora SENAC, 2001.
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RIZZO, Eraldo Pêra. Ator e estranhamento: Brecht e Stanislavski, segundo Kusnet. São Paulo: editora SENAC, 2001.
¹http://produto.mercadolivre.com.br/MLB-241496429-livro-eugenio-kusnet-ator-e-metodo-lido-por-wagner-moura-_JM
²Subcapítulo Construções de
Cenas aos Levantamentos de Proposições Teatrais, a partir da análise
sistemática e/ou comparativa - Stella Adler ao jogo teatral condicionado - ação
(tempo e espaço): uma proposta de dimensão estética e pedagógica (pp.26-38). Disponível em: http://bdm.bce.unb.br/bitstream/10483/5295/1/2012_LucioJosedeAzevedoLucena.pdf
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