sábado, 26 de novembro de 2016

QUE O FOTÓGRAFO RISQUE, PINTE, QUE SUJE E BORRE A SUA FOTO; CONTANDO QUE NINGUÉM FAÇA NADA IGUAL

(Transcrição elaborada por Lúcio Leonn, 2016)

De 1890 a 1914, um movimento de fotógrafos europeus dominou a história da fotografia. Eram todos amadores, e foram os primeiros a afirmar que a fotografia é uma arte. 

(Artigo de Antônio Carlos Rodrigues (publicado, igualmente, na “Revista de Fotografia”, junho de 1971).)

Uma exposição da Sociedade Francesa de Fotografia de Paris,chamou a atenção recentemente para um movimento fotográfico do início do século, que estava quase esquecido o Pictorialismo. A fase de ouro do movimento durou 25 anos, 1890 a 1914. A exposição realizada em Paris foi dedicada às obras de dois maiores nomes do Pictorialismo, os franceses Robert Demachy e C. Puyo.
No fim do século passado, o entusiasmo pela descoberta da fotografia já tinha passado, e seu desenvolvimento como arte estava praticamente paralisado. A fotografia já tinha sido incorporada a vida de quase todo o mundo, era considerada um “trabalho” como outro qualquer. Enquanto as artes plásticas passavam por verdadeira revolução– lançando os nomes hoje célebres de Matisse, Picasso, Braque, Mondrian, Modigliani – a fotografia não passava de “uma técnica cientifica de reprodução da realidade, sem o menor  valor estético.
Contra isso surgiu o movimento pictorialista. Em 1891, no Clube da Câmera de Viena, Áustria, seus organizadores criaram o primeiro “caso”. Selecionaram para uma exposição de fotografias apenas as obras “com valor artístico”, sem ligar às suas características técnicas. Essa atitude chamou a atenção para um grupo de fotógrafos que se apresentavam como “artista”, e que se recusavam o princípio de que a fotografia não era uma arte. Tentavam assim estabelecer uma diferença entre êles e os fotógrafos profissionais, que “tinham transformado a fotografia em pura mercadoria”.
Na verdade, o pictorialismo foi uma reação de amadores ricos contra aquêles que começavam a fazer da fotografia um meio de ganhar a vida. Isso explica em parte porque o movimento caiu no esquecimento e foi logo considerado como representante de uma tendência negativa e retrógrada.  Mas o pictorialismo teve um mérito: seus organizadores foram os primeiros na história que tentaram elevar a fotografia ao nível de arte.
Sua lei fundamental pode ser esta: a fotografia é uma arte, e segue as tendências dominantes na pintura, na literatura, na música. Tècnicamente, o movimento tendia a negar as características próprias da fotografia. Para Robert Demachy, um dos fundadores:
“A obra de arte não está no motivo, mas na maneira de mostrá-lo”. “Que o amador se sirva do óleo, da goma ou da platina; que êle passe uma camada de pintura em seu clichê; ou que o risque com uma ponta de ferro; isso não me faz a menor diferença, desde que êle me mostre uma imagem que seu vizinho não possa fazer igual. Não digo isso em relação à composição ou à disposição de seu motivo, mas na maneira de traduzi-lo em sua linguagem própria”.
No início do século, o pictorialismo já era um movimento coerente e firme. Mas o academismo acabou por matá-lo, na época em que começava a primeira guerra mundial. Não havia mais seguidores do movimento.
A recente exposição de Paris mostrou que, apesar de ter sido um movimento estéril para o desenvolvimento da fotografia, o pictorialismo tem muito que ver com a arte.

Fonte consultada:
AUGUSTO RODRIGUES (editor); Que o fotógrafo risque, pinte, que suje e borre a sua foto; contando que ninguém faça nada igual. Artigo de Antônio Carlos Rodrigues (publicado na “Revista de Fotografia”, junho de 1971) – Jornal ARTE & EDUCAÇÃO, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte do Brasil, ano I, n. 6, p.16 jun. 1971. Acervo pessoal (periódico) Lúcio José de Azevêdo Lucena – Lúcio Leonn.
 .
[“Faço questão de manter o vocabulário e a gramática característica da escrita original no Jornal Escolinha de Arte do Brasil, ano I, n. 6, p.16 jun. 1971". ], Lúcio Leonn.

Contextualização [Lúcio José de AzevêdoLucena(Org.)-Lúcio Leonn]
(...)

Sobre uma atriz de Hollywood: OLIVIA DE HAVILLAND -(Jornal O Grilo –Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves-RJ)

 Por Newton Godman, 1950.
LEONN, LÚCIO. Foto de Olivia de Havilland, (Newton Godman: Cinema - Sobre uma atriz de Hollywood) – Periódico: Jornal O Grilo, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves, ano I, n.3, p.6, abr./mai. 1950. 1 fot., p&b, reprodução/coloração minha.

(Cinema) - Sobre uma atriz de Hollywood

Por Newton Godman
(Transcrição elaborada por Lúcio Leonn, 2016)


Hollywood acha-se em franca decadência. Os filmes franceses, ingleses, italianos, estão batendo longe todos os filmes provenientes da Meca do cinema.

Os atores e atrizes já estão velhos e passados... As comédias são bobas e convencionais... Os dramas exagerados e repetidos, mas no meio de tanta mediocridade surge uma artista que é realmente uma artista. Não é Bette Davis, Paullete Godard, Joan Crawford ou Rosalind Russel.
É OLIVIA DE HAVILLAND.

Olivia de Havilland é uma atriz razoável até 1940. Irmã de Joan Fontaine que naquela época triunfara no cinema. Olivia aliada à sua simpatia filmou a PORTA DE OURO. A Academia de Ciências e Artes Cinematográficas escalou-a para um Oscar, que foi parar às mãos de Joan Fontaine por sua interpretação em SÓ RESTA UMA LÁGRIMA.

Só em 1949 Olivia de Havilland veio a conseguir o ambicioso Oscar por sua interpretação em SÓ RESTA UMA LÁGRIMA.

Imediatamente, os produtores de Hollywood perceberam quêm era aquela moça tímida e até que ponto podia chegar.

Olivia satisfeita com seu Oscar, pediu ao produtor Anatole Litvak que se filmasse a COVA DAS SERPENTES, a chamasse para fazer o papel de Virgínia.

Mas Darryl F. Zanuck achou que Olivia não era a pessoa indicada para o papel. Chamaram Ann Baxter outra surpreendente atriz, que se recusou. Olivia insistiu no seu pedido e o primeiro test dissipou tôdas as dúvidas de Darryl.

A Universal resolveu então filmar um caso de psiquiatria. Convidaram Olivia para o papel das gêmeas Terry e Ruth. Olivia mostrou então uma série de expressões que dificilmente poderiam ser repetidas.
Tudo indica que um Oscar iria tombar novamente em suas mãos. No entanto Lorreta Young conseguiu o prêmio deixando sua amiga Rosalind Russel desesperada.

A filmagem de A COVA DAS SERPENTES foi adiada mais um dia Miss de Havilland começou a filmar, filmar, filmar (pois ela aparece em quase tôdas as cenas). Aí então surgiu um escritor chamado Marcus Godrich e Olivia que até aquela data se havia mantido solteira, casou-se.

O Oscar da Academia foi entregue a Jane Wymar por sua interpretação em BELINDA. Tôdos viram a grosseria da decisão, pois Olivia dera ao filme uma interpretação inigualável.

Então a Paramount retornou sua artista para fazer com ela o filme TARDE DEMAIS, e, finalmente, em 1950, Livie recebeu o seu 2º Oscar.

Nêste seu último filme ela interpreta o papel de uma moça feia que tem segundo seu pai, um mérito que apaga todos os outros: trinta mil dólares.

Um simpático rapaz resolveu aproveitar-se da inexperiente rapariga e faz-lhe juras de amor. Mas o pai deu o “contra” e o rapaz sumiu.

Por essa interpretação ela não só conseguiu o Oscar como também um prêmio da Associação dos Críticos Cinematográficos pela segunda vez, a COVA DAS SERPENTES valera-lhe já esse prêmio, ambicionado por tôdas as artistas, e outro no festival de Cannes por sua magnífica “performance”.

Olivia é sem dúvida uma mulher feliz. Tem um filho muitos prêmios e um marido que tanto demorou a achar.

Que mais poderia ela esperar? 

Fonte consultada: 
RODRIGUES, AUGUSTO. Newton Godman: Cinema - Sobre uma atriz de Hollywood – Jornal O Grilo, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves, ano I, n.3, p.6, abr./mai. 1950. Acervo pessoal (periódico) Lúcio José de Azevêdo Lucena - Lúcio Leonn.

[“Faço questão de manter o vocabulário e a gramática característica da escrita original no Jornal O Grilo | Década de publicação (1950)”], Lúcio Leonn. 

Contextualização minha:
1. Segundo Newton Godman,– (ainda, linhas abaixo de seu texto: sobre uma atriz de Hollywood) – escreveu em sua coluna (Pingos), os seguintes registros (1950, p.6): 
– “Olivia de Havilland notável artista, deu-nos uma bela interpretação em “Tarde Demais’.;
–As telas da cidade andam muito pobres, mas com a reprise do ‘E o vento levou’ os fans de Vivien Leigh terão oportunidade de revê-la nos bons tempos de M.G.M.;
–No dia 1 de maio tivemos a auspiciosa estréia do filme ‘Tarde Demais’, de William Wyles com Olivia de Havilland;
(...) ".

3. A porta de ouro (“Hold Back the Dawn”, 1941); Só resta uma lágrima (“To Each His Own”, 1946) e Tarde demais (“The Heiress”, 1949); A cova da serpente (“The Snake Pit”, 1948); ...E o Vento Levou (“Gone with the Wind”, 1939);

4. Nome completo: Newton Augusto Godman. Godman em seu texto de 1950 nos perguntava: que mais poderia ela (Olivia de Havilland) esperar? Respondemos aqui. – Ter completado 100 anos (de idade) em 2016.

5. Destaco especialmente (às crianças), na época, aos escritos no Jornal O Grilo –– Jornal da Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves: Iréne Landau e Newton Augusto Goldman.
Igualmente,  "Na reunião em que se consideram fundada a Biblioteca [de Arte, (1950)] fez-se a eleição por voto secreto para os cargos de bibliotecários. Foram eleitos Iréne Landau e Newton Augusto Goldman" (In: Biblioteca de Arte – Jornal O Grilo, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves, ano I, n.3, p.5, abr./mai. 1950, (segundo AUGUSTO RODRIGUES (1950): segundo LUCENA, 2016.).

"Biblioteca de Arte" - Jornal O Grilo (1950): Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves/RJ.

LEONN, LÚCIO. Desenho de Nils – (Ilustração para o texto "Biblioteca de Arte") – Periódico: Jornal O Grilo, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves, ano I, n.3, p.5, abr./mai. 1950. 1 fot., p&b, reprodução/coloração minha.
Biblioteca de Arte 
(Transcrição elaborada por Lúcio Leonn, 2016)

Nossa Escolinha possui também uma biblioteca de Arte. Eis o seu histórico:
Há mais ou menos um ano fizemos uma visita à Biblioteca Nacional, e que foi seguida de muitas outras.

Ficamos maravilhados com a secção de livros sôbre arte. Creio que foi isto o que mais nos impeliu a fazer nossa biblioteca, uma biblioteca sómente sôbre arte.

No começo apenas possuímos livros sôbre pintura, mas compreendemos que a arte não é sómente pintura, abrange inúmeras outras coisas. Hoje temos a “História, de um tomate”, que não deixa de ser um livro artístico.
A Biblioteca que já está muito bem organizada, acha-se em vias de melhoramento. Pensamos fazer uma vez por semana uma reunião na qual discutiremos livros a serem adquiridos de interesses da Biblioteca e faremos leitura em voz alta assim como traduções. Pensamos fazer um fichário com as opiniões de tais pessoas sôbre tais e tais livros que será muito interessante.
Eis o Regulamento de nossa biblioteca:
1) Será solicitada a orientação técnica dos funcionários da Biblioteca Castro Alves.
2) A biblioteca será mantida pela contribuição dos sócios adultos que quiserem colaborar. A contribuição será de Cr$ 3,00 mensais.
3) Serão sócios todos os alunos da Escolinha que o solicitarem.
4) Os sócios poderão retirar um livro de cada vez pelo período de 10 dias Esgotado êsse prazo será o livro devolvido devendo ficar na Biblioteca 2 dias, passados os quais poderá ser renovado o empréstimo, caso o livro não esteja pedido por outro leitor. 
5) O sócio que não devolver o livro dentro do prazo marcado pagará multa de Cr$50 (cinquenta centavos), por dia de atraso.
6) O sócio que extraviar um volume pagará a importância correspondente ao preço do livro. 
7) Os sócios poderão sugerir a compra de livros, encaminhando as sugestões à direção da Escolinha.
8) Cabe à direção da Escolinha a compra de livros.
9) A Biblioteca ficará aos cuidados de dois bibliotecários menores de 10 anos, eleitos entre alunos maiores de 10 anos. 
10) Aos bibliotecários caberá zelar pela execução das normas que se estabelecerem nesta reunião, pela conservação e agendamento da biblioteca, bem como representar e defender a opinião e os interesses de todos os sócios no que se refere a consultas; empréstimos, sugestões de compras, etc.
Material necessário à Biblioteca:
1 livro de acervo 
1 livro Caixa 
1 livro de Normas e de registro de sócios.
Na reunião em que se consideram fundada a Biblioteca fez-se a eleição por voto secreto para os cargos de bibliotecários.
Foram eleitos Iréne Landau e Newton Augusto Goldman.
No próximo mês de junho realiza-se-à nova eleição.

Fonte consultada: 
RODRIGUES, AUGUSTO (editor). Biblioteca de Arte – Jornal O Grilo, Rio de Janeiro: Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves, ano I, n.3, p.5, abr./mai. 1950. Acervo pessoal (periódico) Lúcio José de Azevêdo Lucena - Lúcio Leonn.

[“Faço questão de manter o vocabulário e a gramática característica da escrita original no Jornal O Grilo | Década de publicação (1950) ”], Lúcio Leonn.

Leia também:
((Memória)) - Iréne Landau (1950): A Morte de Nijinsky, (Jornal O Grilo ––Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves-RJ). Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2016/07/irene-landau-1950-morte-de-nijinsky_12.html

Sobre uma atriz de Hollywood (Por Newton Godman, 1950): OLIVIA DE HAVILLAND - (Jornal O Grilo –Escolinha de Arte da Biblioteca Castro Alves-RJ) Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2016/11/sobre-uma-atriz-de-hollywood-olivia-de.html