(Transcrição
elaborada por Lúcio Leonn, 2016)
De 1890 a 1914,
um movimento de fotógrafos europeus dominou a história da fotografia. Eram
todos amadores, e foram os primeiros a afirmar que a fotografia é uma arte.
(Artigo de
Antônio Carlos Rodrigues (publicado, igualmente, na “Revista de Fotografia”,
junho de 1971).)
Uma exposição da Sociedade Francesa de
Fotografia de Paris,chamou a atenção recentemente para um movimento fotográfico
do início do século, que estava quase esquecido o Pictorialismo. A fase de ouro
do movimento durou 25 anos, 1890 a 1914. A exposição realizada em Paris foi
dedicada às obras de dois maiores nomes do Pictorialismo, os franceses Robert
Demachy e C. Puyo.
No fim do século passado, o entusiasmo
pela descoberta da fotografia já tinha passado, e seu desenvolvimento como arte
estava praticamente paralisado. A fotografia já tinha sido incorporada a vida
de quase todo o mundo, era considerada um “trabalho” como outro qualquer.
Enquanto as artes plásticas passavam por verdadeira revolução– lançando os
nomes hoje célebres de Matisse, Picasso, Braque, Mondrian, Modigliani – a
fotografia não passava de “uma técnica cientifica de reprodução da realidade,
sem o menor valor estético.
Contra isso surgiu o movimento
pictorialista. Em 1891, no Clube da Câmera de Viena, Áustria, seus
organizadores criaram o primeiro “caso”. Selecionaram para uma exposição de
fotografias apenas as obras “com valor artístico”, sem ligar às suas
características técnicas. Essa atitude chamou a atenção para um grupo de
fotógrafos que se apresentavam como “artista”, e que se recusavam o princípio
de que a fotografia não era uma arte. Tentavam assim estabelecer uma diferença
entre êles e os fotógrafos profissionais, que “tinham transformado a fotografia
em pura mercadoria”.
Na verdade, o pictorialismo foi uma
reação de amadores ricos contra aquêles que começavam a fazer da fotografia um
meio de ganhar a vida. Isso explica em parte porque o movimento caiu no
esquecimento e foi logo considerado como representante de uma tendência negativa
e retrógrada. Mas o pictorialismo teve
um mérito: seus organizadores foram os primeiros na história que tentaram
elevar a fotografia ao nível de arte.
Sua lei fundamental pode ser esta: a
fotografia é uma arte, e segue as tendências dominantes na pintura, na
literatura, na música. Tècnicamente, o movimento tendia a negar as
características próprias da fotografia. Para Robert Demachy, um dos fundadores:
“A obra de arte não está no motivo, mas
na maneira de mostrá-lo”. “Que o amador se sirva do óleo, da goma ou da
platina; que êle passe uma camada de pintura em seu clichê; ou que o risque com
uma ponta de ferro; isso não me faz a menor diferença, desde que êle me mostre
uma imagem que seu vizinho não possa fazer igual. Não digo isso em relação à
composição ou à disposição de seu motivo, mas na maneira de traduzi-lo em sua
linguagem própria”.
No início do século, o pictorialismo já
era um movimento coerente e firme. Mas o academismo acabou por matá-lo, na
época em que começava a primeira guerra mundial. Não havia mais seguidores do
movimento.
A recente exposição de Paris mostrou
que, apesar de ter sido um movimento estéril para o desenvolvimento da
fotografia, o pictorialismo tem muito que ver com a arte.
Fonte
consultada:
AUGUSTO
RODRIGUES (editor); Que o fotógrafo
risque, pinte, que suje e borre a sua foto; contando que ninguém faça nada
igual. Artigo de Antônio Carlos Rodrigues (publicado na “Revista de
Fotografia”, junho de 1971) – Jornal ARTE & EDUCAÇÃO, Rio de Janeiro:
Escolinha de Arte do Brasil, ano I, n. 6, p.16 jun. 1971. Acervo pessoal
(periódico) Lúcio José de Azevêdo Lucena – Lúcio Leonn.
.
[“Faço questão de manter
o vocabulário e a gramática característica da escrita original no
Jornal Escolinha de Arte do Brasil, ano I, n. 6, p.16 jun. 1971". ], Lúcio
Leonn.
Contextualização
[Lúcio José de AzevêdoLucena(Org.)-Lúcio Leonn]
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