sexta-feira, 19 de julho de 2013

NARRATIVA PESSOAL EM FORMATO DE CORDEL: além de tudo, a sala de aula

Por Lúcio José de Azevêdo Lucena 

O ponto inicial...
Literatura de Cordel
A literatura de cordel é rica e expressiva.  É fonte irmanada na cultura popular de seu povo: étnico-racial. Tem como referência de escrita\gênero\temático: a espontaneidade em situações inusitadas da vida; além de provocar risos (jocosidades), reflexões\questões sociais etc; via "causos", dia a dia de seu povo, cidade e\ou região.

O processo...

Podemos elaborar um cordel em versos e em formato padrão (junto a nossos alunos). Basta dobrar em quatro partes iguais, uma folha de papel ofício. Nela, escrever (espaço em branco) em versos... (vide abaixo, o exercício - O cordel do “Luciozão”).  

Entretanto, tal “atividade de escrita pretende proporcionar um conhecimento específico relacionado à cultura popular brasileira, mais especificamente sobre os Folhetos de Cordel, bem como estimular a criatividade do aluno que, recorrendo ao que aprendeu em sua pesquisa, deve produzir seu próprio cordel, baseado no conteúdo que desenvolveu em sua narrativa pessoal” (1).

Repetindo: “o cordel produzido deve ter entre duas e três laudas, de acordo com o formato dos folhetos” (idem).  No mais, “Aprenda fazer um cordel”, com noções de métrica e rima em: http://cordeldobrasil.com.br/v1/aprenda-fazer-um-cordel/#more-86

O meio...
A gravura
E, para acompanhar sua narrativa ou ilustração; a gravura de tema (em sala de aula) - podemos utilizar a técnica da Isogravura (a bandeja de isopor: o fundo + um lápis de escrever com ponta bem fina para riscar em espaços bem espessos a imagem - para depois a tinta demarcar bem no papel) e mais, utilizar a tinta gauche de cor preta, vermelha, verde...   Para percebermos tal ideia aqui, da gravura, aprecie o seguinte blog\com Isogravura (disponível em: http://artenacontemporaneidade.blogspot.com/2010/08/isogravura.html).

O recomeço...
(O exercício de cordel)

O cordel do “Luciozão”(1)

I
Amigos!!
Prestem muita atenção
Aqui está o cordel do Luciozão!
Espero que vocês gostem
Pois vou falar
Dele, bem breve, então...

II
Seu primeiro contato se deu ainda criança
Com a expressividade da Cultura Popular!
Lembranças bem próximas,
Ao mesmo tempo salutar
É, que hoje, sem penar
Foi à paixão por Teatro de Bonecos
Onde tudo era mágico...
Além do Mar.

III
Na Praça da Matriz de Parangaba
Era o lugar de fazer e apreciar.
Foi na Praça e Igreja da Matriz, que aglomera todo o mês
Ele se fez ...
Viva o mamulengo da Cultura,
Fonte do saber Popular.

IV
Lá, participou de presépio vivo em noite de Natal,
Sem mamulengo, era o (Tal).
Personagens de José, Anjo e Pastor,
Era durante o mês festivo de cada dezembro...

V
Por isso meus, colegas
Histórias de contos ao dormir
Outrora, sentado na calçada de casa,
Sua mãe recontava: Maria Pobre e Maria Rica!
Era um conto tão assombrado qu’Ele nem se mexia.
E, de noite... Vixe Maria!

VI
Por isso meus Colegas
Apertem bem a cintura, sem se amontoar
Pois irei recontar:
Sua mãe costumava fazer e ainda hoje,
Bonecos da casca de melancias
Tanto qu’Ele se exibia...

VII
Próximo a Rua do Passado,
Tinha uma Senhora
Que ensaiava dramas e pastoril
Ele ia lá quase todos os dias
Mas nem se metia
Da personagem que mais lhe chamava a atenção
Era a borboleta pequenina
Uma Menina!
Que entrava com vestimenta bem colorida
Ao som entoado e marcação.
E ele, que pena, só vestia um calção.

VIII
Noutro momento então,
No tal bairro indígena da Maraponga
Dançou a festa de São João
Era a Quadrilha Junina,
Por sete anos cumpriu a missão
E, o casamento matuto?
De personagem bêbado
Era uma diversão.
Pois, das quermesses e
Do movimento entorno da “Chegada da Coroa”
Fez-se de montão.

IX
Na Cultura de nossa gente
Não se é indigente!
A Cultura Popular se faz presente,
Hoje e sempre...
Capoeira, maculelê,
O festival de quadrilhas juninas,
A Feira da Parangaba (dos pássaros)...

X
Impossível, não estar nela!
Pra viver e reverenciar sua história,
Da memória pessoal...
Agradeço por sua atenção,
Pois, fica aqui, brevemente,
O Cordel do Luciozão!

***
(A apropriação...)

A partir de nossa inspiração em outro cordel (como acima) ou elementos da cultura popular, nos apropriamos em possibilidades de exercícios; o saber olhar e fazer de outra cultura popular tradicional em manifestação. Um povo, a comunidade ou uma pessoa, o mestre... Sua história...  
Além de nossa memória pessoal e trajeto de criação, vida se fixa em narrativa a partir dela (exemplo: literatura de cordel). Assim, torna-se único ou coletivo o nosso Bem – revelado, pois há valor humano e histórico patrimonial, a memória pessoal de cada ser\histórico\vive.

Da cultura popular traz em seu bojo ideias, fé e valores de pertencimento em coletivo; revela a aceitação e a dinamicidade presente em cada bando étnico e, movente.  

No entanto, a troca de tais saberes por Mestres da Cultura também se reconstrói memórias\aprendizagem integrada sobre a tradição da cultura popular. Por um lado, a troca com outros saberes artísticos: o Teatro\a Música\ a Dança\ o Cinema... Há valor simbólico apropriado. Por outro, visa referenciar os mestres em tal aprendizagem\experiências fundantes. A Cultura Popular Tradicional, documentada.

Enfim, é preciso implementar fundos de políticas públicas culturais para perceber o valor relacional de movimentos de culturas. E, um dos implementos trata-se de recursos materiais para manutenção desses saberes tradicional (entre nós). Portanto, é ressaltar a cultura viva em movimento, sempre.

(1)Textos\Exercício procedente do Curso Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura UnB/UNIR/MEC. MÓDULO: Arte e Cultura Popular\ATIVIDADE: NARRATIVA PESSOAL EM FORMATO DE CORDEL. PROFESSORA: Luciana Hartmann. TUTORA: Paula Braga.  ALUNO: Lùcio José de Azevêdo Lucena. DATA             15/07/11.