domingo, 27 de janeiro de 2013

“O Marinheiro - Uma Aventura Interior”: Mergulho Profundo no Sentido da Palavra [I Festival de Teatro de Jacareí (SP) de 22 a 28 de julho de 1996]

¹Hilton Viana (1996), por Lúcio Leonn (2013)

(Foto Erika Pontes)
“Tenho medo daquilo que você não chegou a dizer”. “Não sei. Não sei como é pertencer à vida”.
“Há mais presença aqui do que nossas almas”. “Não se deve falar demasiadamente. A vida espreita sempre”.
Em 1912 Fernando Antonio Nogueira Pessoa, publicou seus primeiros ensaios de crítica da moderna poesia portuguesa, na revista, “A Águia”, órgão do “saudosismo”.
Mas escreveu suas próprias poesias em língua inglesa, “Antinous”; “35 sonetos”, “14 Inscriptions, “Epithalamium”.
Os começos de sua poesia em língua portuguesa datam do encontro com os futuristas portugueses, José de Almada Negreiros, Santa Rita Pintor e outros.
Seu ano decisivo é 1914. Nasceram os três primeiros “heterônimos”. Personalidades definidas, às quais atribuiu à autoria de suas poesias em três estilos diferentes. Alberto Caeiro é um poeta de sensações e observador irônico da vida. Autor de poesias, como os ciclos: “O Guardador de rebanhos” e “Poemas Inconjuntos”. Álvaro de Campos, influenciado por Whitmam, é o cantor da cidade moderna e de técnica: “Ode Triunfal”, “Ode Marítima”, “Tabacaria”. Ricardo Reis é autor de bucólicas e elegíacas obras. As poesias que assinou com seu próprio nome são mais emocionadas.
(capa folder\arquivo pessoal)
Em Fernando Pessoa, a possibilidade de fingir, explica a alternância entre hermetismo e simplicidade. Em vida, apenas foi reconhecido pelos círculos limitados da boemia literária de Lisboa. Só quando seu volume “Mensagem” recebeu prêmio oficial, por ser erroneamente interpretado como manifestação do nacionalismo do regime, começou em Portugal a discussão em torno do poeta, que até hoje não terminou. A publicação iniciada por Luis Montalvor, iniciou a fase da influência da poesia de Fernando Pessoa sobre várias gerações e, de um modo especial no Brasil.
“O Marinheiro - Uma Aventura Interior” em oportuno momento chega até nós pelo elenco da Cia Teatro Lua de Fortaleza. Com direção e concepção de Ueliton Rocon, o espetáculo nos transporta para o mundo de três irmãs em momentos de solitárias reflexões e vivenciando três gerações.
Emolduradas por um figurino de grande efeito e um cenário simbolista, magnificamente belo, o elenco prima pela técnica e interpretações primorosas.
Leir Pontes, Lúcio Leonn e Ceronha Pontes, intermeiam suas criações, numa valorização constante, revelando o infinito sentido das palavras. Belas coreografias de Roberto Maur que participa também do espetáculo. Um primor de encenação, já inspirando outros grupos. 

Imagem (arquivo pessoal): Ceronha Pontes, Lúcio Leonn e Leir Pontes
O Texto original\arquivo pessoal

¹Sobre Hilton Viana
Crítico - Jornalista, ator e intérprete de poesias. Começou a fazer Teatro sob direção de Beatriz Segall, ao lado de Araci Balabanian e outros. Ingressou a seguir na EAD|USP. Como ator trabalhou com Ruth Escobar, Maria Della Costa e Lélia Abramo. Em 1962 editou uma revista voltada às Artes Cênicas, “Atualidades Teatrais”, mais tarde transformada em livro. Foi convidado a trabalhar para o Departamento de Estado Norte Americano, onde atuava como correspondente, tendo percorrido todo o pais analisando e abordando a Arte Cênica daquele país.  Foi editor dos “Associados” e colaborador na TV Tupi. Com um estilo jornalístico construtivo dedicou-se à análise e interpretação de textos; trabalhou ainda em várias cidades do interior de São Paulo e outros estados com o espetáculo solo “Poesia do Brasil”. Há mais de 21 anos em contato com a obra de Mário de Andrade estreou o espetáculo “Mário de Andrade: Cem anos de Comoção”. Realizou apresentações com poesias do autor de “Pauliceia Desvairada” e já escreveu para o jornal “Gazzetta d’Italia”. Atualmente é crítico do site www.teatrochik.com.br.
Ceronha Pontes _ prêmio Melhor Atriz do Festival

Serviço: (Quinta-Feira 25/07\1996)
Elenco:
Ceronha Pontes,
Leir Pontes, 
Lúcio Leonn,
Roberto Maur
Lúcio Leonn_prêmio Ator Revelação do Festival
Ficha Técnica
Diretor: Ueliton Rocon
Cenário, Sonoplastia, Figurino, Maquilagem, Arte Gráfica e Produção Executiva: Ueliton Rocon
Operadora de Luz\Apoio: Kátya Moreira
Coreografia e Assistente de Produção: Roberto Maur
Iluminação: Neto Brasil
Produção Executiva: Ana Angélica
Sonotécnica: Jorge Luis Viana
Assistente de Produção: Sonia Vitorino, Rap Costa, Manoel Façanha
Na foto: Neto Brasil,Ueliton Rocon, Ceronha Pontes,
Roberto Maur,Lúcio Leonn, Leir Pontes 
e, nosso sempre irmão, Jorge Luis Viana (In Memoriam)

Vide igualmente, em “O Marinheiro: Uma Viagem Interior” - Uma Montagem Cia. de Teatro Lua, (12\05\1993): 6º Festival Nacional de Teatro (Francisco Beltrão\Paraná): Crítica por Elie Mario Dfeterius (grego) & Sebastião Milaré, segundo a publicação (inédita) na íntegra de Lúcio Leonn (2011). Disponível em: http://notasdator.blogspot.com.br/2011/09/o-marinheiro-uma-viagem-interior.html)