sábado, 23 de julho de 2011

A Tentativa de engessamento da Cultura Popular: reflexões minhas, a partir da citação de Alberto Tibaji

Por Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn)
“Trazer, dentro do ambiente do popular (...) o reconhecimento de técnicas implica em questionar a ideia de espontaneidade tão presente em certas interpretações do popular tanto por parte dos criadores quanto por parte dos intelectuais. Por sua vez isso implica, do ponto de vista ético, numa questão de direitos de cidadania bastante complexa.”² (Alberto Tibaji)

Imagem(acervo pessoal): Santo São João\Deputado & Anjinho da Coroação- Bastidores em Quixadá-CE - média metragem
O Auto da Camisinha,2009
A cultura de manifestação popular se faz e estar presente entre nós ((populares)\criadores\intelectuais) e seus fazedores, pela característica da espontaneidade. Logo, no momento da recepção as manifestações de caráter populares costumam ser orgânicas. As técnicas cotidianas do corpo tendem à comunicação; as do virtuosismo, a provocar assombro. As técnicas extracotidiana tendem à informação: literalmente põem-em-forma o corpo, tornando-o o artístico\artificial, porém crível. Nisso consiste a diferença essencial que o separa das técnicas que o transforma no corpo “incrível” do acrobata e do virtuoso, (Eugenio Barba, 2009:35)¹. Grifos do autor.
No entanto, já se sabe que, é por meio de costumes e pés na tradição, que o que é criado, fato folclórico, é manifestação popular e de funcionalidade. Mas é preciso implementar fundos de políticas públicas culturais para perceber valor relacional de movimentos de cultura; a cultura popular traz em seu bojo ideias, fé e valores de pertencimento em coletivo; aceitação e dinamicidade presente em cada bando étnico, movente. E, não é o caso de “reconhecimento” ou de atribuir técnicas ou de aplicação de políticas públicas culturais para ser legitimado tal fazer popular; seus grupos e membros brincantes de tradição em ambiente popular. É uma questão de participação voluntária, coletiva e de vitalidade social.
Outra abordagem, quanto à questão do ponto de vista ético da citação acima, que quer nos alertar trata da relação entre a cultura popular e de práticas de seus brincantes, no que concernem seus direitos. Aponto que, o autor propõe primeiramente, o respeito e de fazer jus às ações em arte e cultura Brasil a fora; segundo, que eles deveriam ser ouvidos pelos agentes públicos sobre os editais; terceiro: acontecer espaços para diálogo mútuo entre as comunidades de cultura tradicional e de encontros sobre as leis e criação de fomento (cultura popular) e, quarto: solidariedade (registros, apoios e parcerias): à memória viva, às manifestações de cultura popular e aos bens imateriais. Trata-se de questão de ética (cultural) e de políticas, (regional\não-partidárias\menos amigável).
Portanto, Alberto Tibaji estabelece que a cultura popular não deva ser base aliada da técnica, como possibilidade de sobrevivência, manutenção e fomento ao “corpo virtuoso”. Mas, no pensar de Barba (indicação\fundamentação primeiro parágrafo acima): um corpo em estado puro. (Grifos meus)
A busca na perspectiva da espontaneidade das manifestações tradições está na preservação também, de nossas raízes étnico-culturais. E não, na tentativa de engessamento por parte de políticas públicas voltadas para a Cultura Popular via editais.

Palavras chave:

Noção de Cultura\Políticas Públicas de Culturas\Pluralidade Cultural\Teatro Cômico\Cultura Popular\Contemporaneidade\ A. Tibaj (UFSJ).

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¹ Eugenio Barba. A Canoa de Papel: Tratado da Antropologia Teatral\Eugenio Barba; tradução de Patrícia Alves Braga. - Brasília: Teatro Caleidoscópio, 2009. 280p.].
²"Teatro, valor e pluralidade cultural: rumo a uma política e a uma estética do popular"*

*Resenha crítica do artigo "Teatro, valor e pluralidade", de A. Tibaj: http://notasdator.blogspot.com/2011/08/resenha-critica-do-artigo-teatro-valor.html
Parte disponível em:
http://www.unirio.br/teatrocomico/textos/sem2010_resumo00_pluralidade_cultural.pdf)


Universidade de Brasília (UnB)|Instituto de Arte(IdA)

disciplina Arte e Cultura Popular
Professora Luciana Hartmann
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*Trailer Filme de Clébio Ribeiro, "O Auto da Camisinha".

*Bastidores do Filme em programa de TV.