quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Atividade Citação sobre a HISTORIA DA ARTE-EDUCAÇÃO (Teatro)-Universidade de Brasília(UnB) / Instituto de Arte (IdA)

por Lúcio José de Azevêdo Lucena

QUESTÕES CONCEITUAIS SOBRE O APRENDER E O ENSINAR TEATRO, (UNIDADE 1, (pp.07-39).). Texto do Prof. Dr.: SANTANA, Arão Paranaguá de; Módulo 14: História da Arte-Educação. Curso Licenciatura em Teatro do Programa Pró-Licenciatura. Universidade de Brasília (UnB). Brasília: Dupligráfica Editora Ltda, 2008.

Palavras-chave: Arte, histórico da arte-educação, formação de professores/as, histórico/licenciatura em Teatro/artes cênicas, panorama teatral: educação colonial e artística, movimento social de professores/as de Arte/teatro, educação básica: ensino e aprendizagem de Arte/teatro, profissionalização docente.

Resumo: contextualizar as práticas e teorias no Ensino/Aprendizagem Teatral. Estima-se a Questão do Ensino das Artes e a Formação de Professores; Uma Visão Panorâmica; o Histórico da Licenciatura em Teatro; o Movimento de Reestruturação dos Cursos de Formação de Professor na Educação Básica. Também, aponta: reflexões sobre a Realidade Escolar e a Profissionalização Docente.

Pontos relevantes:

(...) faz-se necessária uma ação educativa que permita às pessoas o domínio das linguagens artísticas, favorecendo, portanto, a familiarização e a vivência com o universo da arte, (p.9).

(...) devem ser privilegiadas as experiências significativas que serão determinantes na vida futura, instância essa que realça a significarão e o papel do (a) professor(a), afinal, é ele(a) quem colabora com a familiarização cultural do(a) estudante, quem amplia seu ambiente sócio-cultural, quem favorece o contato com a obra de arte, enfim, quem pode contribuir com a competência artística a ser construída gradativamente,(idem).

(...) ao propiciar a prática do teatro e de outras formas de arte na sala de aula, a escola insere o aluno em um circuito de produção, circulação e consumo de bens culturais, ampliando sua visão de mundo e aperfeiçoando seu universo estético e artístico, (idem anterior).

(...) marcas mais relevantes do século XX refere-se à compreensão de que a arte possui conhecimentos próprios, fundamentalmente diferentes da maneira de entender o mundo possibilitada pela ciência, por exemplo.

Preparado o ambiente, chegaram, junto às Escolinhas de Arte de *Augusto Rodrigues propostas concebendo arte como experiência (John Dewey), educação através da arte (Herbert Read) e desenvolvimento expressivo (Victor Lowenfeld), (...). As primeiras influências no campo do teatro-educação vieram dos países de cultura anglo-saxônica, com grande difusão da proposta em torno do jogo dramático infantil (Peter Slade). (*Augusto Rodrigues foi artista plástico, crítico de arte, jornalista e um dos precursores do movimento de educação pela arte no Brasil.), (p.17).

Contudo, talvez devido à inexistência de professores preparados para a docência em arte nas escolas, o ideário pautado na livre-expressão teve repercussões negativas, vigorando uma abordagem espontaneísta, com conteúdos pautados na dramatização de fundo psicológico, quando não o papel do teatro como coadjuvante das matérias do currículo consideradas sérias,(p.20).

(...) os desafios ainda são enormes, tal como em outras esferas da vida social, política e econômica brasileira, dentre eles a oferta de educação de qualidade para todos os habitantes, sobressaindo-se a necessidade de preparação de quadros para concretizar essa missão, (pp.31-32).

É importante ressaltar que, no Brasil, a formação de professores se dá em cursos de licenciatura historicamente padronizados em um modelo conhecido como 3+1 (três mais um), no qual o candidato a docente submete-se, após concluir os três anos de bacharelado, a mais um ano de estudo nas matérias pedagógicas, (p.32).

(...) ao longo das duas últimas décadas por causa da descaracterização com que foram tratadas as linguagens e as formas artísticas, os cursos de Licenciatura em Educação Artística permitiram que o ensino das artes – e especialmente o de teatro – se generalizasse em todo o Brasil. E isso ocorreu na escola básica, bem como em termos de educação informal e ação cultural, (idem).

Suplantou-se, aos poucos, o carro-chefe do ensino de artes na educação formal, qual seja, a idéia de uma educação estética de cunho polivalente promovida pela educação artística, (negrito do autor, pp.33).

A inter-relação entre as disciplinas pedagógicas e as de conteúdo específico devem possibilitar ao futuro licenciado tanto o domínio da linguagem artística como o da relação social do ensino. O processo de admissão do professor de ensino superior em arte, seja por forma de concurso, seja por outros mecanismos, deve estabelecer critérios que contemplem tanto os aspectos específicos da linguagem artística, como os da educação. (Parte do Documento final do X CONFAEB, 1997. (Segundo Santana (2008), p.37.).

(...) com as conquistas da arte na educação escolar e as alternativas sugeridas nas diversas instâncias da ação pedagógica, passou-se a ensaiar passos bem mais ousados. Para conseguir tais intentos, vale questionar: para qual processo educativo e para que tipo de clientela se formam os professores? O que deve aprender o professor de teatro? Quais as bases filosóficas e didáticas de sua preparação? Qual a abrangência da experiência estética que os cursos deverão adotar? Que realidade profissional enfrentarão os futuros professores? (p.39)

(...) a mudança no ensino superior é a regra em voga em todos os ramos da arte, com vistas à revitalização de uma área que acompanha a história da humanidade desde sua origem, (idem).

(...) cabe ao(à) professor(a) elaborar estratégias de condução de um processo pedagógico que incentive o conhecimento na linguagem teatral. Isto favorece o aprimoramento de um discurso cênico vinculado à cultura e à vida, (idem anterior).

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Ao discutir on line o Fichamento citação 2 do Texto (acima) de, Arão Paranaguá de Santana. Por mim, Lúcio José de Azevêdo Lucena, Re: DISCUSSÕES SOBRE PG. 10 A 39 (MÓDULO) - segunda, 31 agosto 2009, 09:17. Sobre a escolha do ponto de vista, da cursista Cinthia Marcia Fernandes, do Texto, em estudo:
Vale lembrar que, ao lermos o Texto Cinthia, nós podemos contestar:

“Os cursos da Escolinha eram marcados pela informalidade (...) através do aprender fazendo.”

Penso que, Não só devemos apontar “os erros e acertos” no sentido de encontrar um vilão da história da arte-educação no Brasil; mas, de avultar saídas mobilizadora para o Ensino de Arte-educação hoje. Os cursos da Escolinha era o que se contava de mais promissor e de alento - de olhar - na conjuntura política/educacional e de ensino/aprendizagem e/ou formação de professores de Educação Artística da/na época. Tanto que, a Arte tornou-se uma disciplina (pós-LDB, Lei nº 9.394/96); obrigatória; digo, até a 3ª série do Ensino Médio/educação básica (mas só chega a ser ministrada até a 1ª série, principalmente, em escolas particulares e, olhe lá.); ela segue e busca a contar com aberturas em discussão dum ensino pautado na sistematização em cada elemento constitutivo das linguagens artísticas - apontadas em documentos -, como: PCN-Arte (MEC), etc. Ou, seu ensino polivalente (outra discussão indicada por nós hoje.).

Logo, a partir da década de 1990 (bem recente, creio eu) todas as artes convergiram para o conhecer (ensino sistematizado; como Ciência e de produção de sentidos acadêmicos e de habilidades e competências / mundo do Trabalho) e, não mais Fazer só por fazer (prática / Pedagogia da Espera / do deixar fazer/empirismo).

O cursista Marcelo Fecunde de Faria, nos traz o seguinte ponto (Re: DISCUSSÕES SOBRE PG. 10 A 39 (MÓDULO) meu segundo apontamento - segunda, 31 agosto 2009, 09:55.):

“.... na educação formal, cresce o desenvolvimento de projetos em arte-educação desenvolvidos pelo terceiro setor – associações, ong’s, instituições, etc...” (pg 29)

Fico preocupado com o Terceiro Setor, no que diz respeito à Arte e seu Ensino/aprendizagem, sem sistematização teórica. Nada contra, mas, há muito empirismo; aponto principalmente, nas Ong’s daqui. Estamos a nos (re)organizar na Educação e no Ensino de Arte quiçá eles.

Há muitos estagiários (de cursos de graduação em arte) e educadores sociais com formação mínima em Arte e se rotulam arte-educadores, em sala de aula, sequer sabem dum pressuposto teórico na Arte e na Educação.

Mais uma vez, Eles se contentam com a prática; outrora, tratam seus alunos como candidatos profissionais a vaga de atores em serviços; quando não, para vitrine em peça curtas, de eventos governamentais, festas de projeto etc. Os educandos são manipulados e não sabem por que estão em cena; logo, não se apropriam dos códigos vigentes da atuação (linguagem teatro/cultura visual/música/dança/audiovisual etc). Não há respeito com a realidade real do aluno e modo de vida; para usufruir como suporte e alento de experiências práticas e teóricas ou, de facilitar o seu cotidiano em mobilizar suas idéias e pensamentos, em ação concreta.

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Universidade de Brasilia (UnB)-Instituto de Arte-IdA
ATIVIDADE: HISTÓRIA DA ARTE-EDUCAÇÃO /Citação
Licenciatura em Teatro do Programa Pró-licenciatura.
Lúcio José de Azevêdo Lucena-Lúcio Leonn.

Estudo Dirigido: LABORATÓRIO DE TEATRO 2 - Universidade de Brasília(UnB) / Instituto de Arte (IdA)

por Lúcio José de Azevêdo Lucena

Com base nos textos lidos, responda 03 (três) das 06 (seis) perguntas apresentadas. Escolha de acordo com sua preferência.


-Escolho a questão 1 - Considere as frases abaixo do texto “Do corpo como instrumento ao corpo como lugar”, de Sulian Vieira e responda por que conceitualmente as frases apresentam definições distintas sobre o corpo?

· “A noção de corpo como lugar nos aproxima assim das contingências históricas em que se dão os corpos dos atores.” (p 3).·
“[...] a idéia do ‘ator santo’ formulada por Grotowski, na qual o corpo do ator é considerado como um receptáculo para o personagem[...]” (p 2)
Apresentam definições distintas, mas confluentes, porque falar de corpo em contemporaneidade, cada vez mais se revela em diversos aspectos e sentidos ou de possibilidades de Estar Sendo/de devir a ser: relacional (Espaço)/pessoal, (Físico/histórico) e artístico (Ator/performar/em Arte.), etc.

Da primeira frase, faz-me pensar que, atualmente o corpo promulga uma estética corporificada em dimensão de vida e de ação presente nos corpos dos atores/personagens e, não mais: Um Corpo - como somente dum Ser biológico/vida humana em cena a se projetar ou a conduzir e a ser conduzido pelo ator/personagem em processo natural de in/respiração. Um corpo que aciona sentidos teatrais (pela técnica do ator) e acústicos, em prol da cena/texto/público. Não falo de virtuosismo ou de adotar a cultura visual. Mas estabelecer, como o texto, aponta: “o corpo como instrumento ao corpo como lugar.”

A segunda frase, também, faz refletir-me que, os personagens já estão em nós. Vivificados, experienciados, cicatrizados desde o nosso nascimento, até as atividades mais dolorosas às mais sublimes de nossas vidas. Cabem a nós atores encontrar, sem muita eloqüência, o caminho puro – o ato da permissão. Da sistematização de sentidos. De conhecimento instrumental na Linguagem Teatro (corpo/voz).

-Escolho a questão 2 - As definições de corpo como o ‘primeiro palco da cena’ e de corpo como um ‘lugar de intersecção entre as dimensões visual e acústica da cena’ propostas por Silvia Davini, citadas no texto “, de Sulian Vieira, aproximam-se às reais demandas da cena. Descreva que imagens ou idéias estas duas definições trazem para você com relação ao trabalho dos atores.

É preciso saber re/conhecer nossa potência ou superar nossos limites pessoais e de intenções ou de intensidades corporais na/da arte teatral. Em relação ao trabalho dos atores é, de:
aprimorar nele, aspectos técnicos, desde a saúde do corpo – fisiológico-; sua postura pessoal, a projeção e articulação da fala (emissão de vogais, intensidade/intenção da fala- tempo; bioenergia), etc; é até perceber que, o corpo necessita é de ser instrumentalizado (corpo técnico - tornar-se artístico) em função da ação teatral/da cena/do personagem/texto. Possibilidades de sentidos.

- Para tanto, antes de entrar em cena, o corpo de ator é a primeira morada do ser pessoa; ator-personagem que mobiliza ações físicas e orgânicas do personagem; durante, antes e depois de testes em espaço de criação/recepção e de sistematização em corpos de intérpretes (Instrumentalização). É lugar quando se dá a permissão; a vontade do devir. O corpo ocupa não só dimensão estética de vislumbramento visual, mas de movimento acústicos de sentidos de correlacionar: pensamento-corpo-ação-cenas. Por fim, sem importar aqui a ordem da sequência elencada, por mim.

-Escolho a questão 3 - Com base no texto “Voz e Palavra – Música e Ato” de Silvia Davini:

a) Explicite as definições de voz que sustentam a noção instrumental, citando seus autores.


Segundo Davini, (2007) apud Sundberg (1987), que voz, é “um sinônimo de som vocal”, (p.03). E, vai mais além: “a voz como sinal acústico e a fala como código comunicativo, reforçando a ideia da voz como instrumento para comunicar códigos da fala”, (p.4). Ainda, menciona Sundberg que, “um ator usa o órgão vocal para produzir som vocal e fala; um cantor o utiliza como um instrumento musical”, (idem) [suas itálicas].

Já Kristin Linklater (1976), sob fundamentação e reflexão conceitual de Davini, (idem), define voz ”primeiro como um instrumento humano (órgão físico), e depois como a um instrumento (humano) do ator”, (p.5). Ou, mais uma vez, a voz é definida em relação a outras instâncias. Outrora, surgem vários questionamentos apontados pelo discurso de Linklater, como exemplificação aqui, indaga-se: “Um instrumento ser qualificado como ‘humano’?

Davini, por fim, menciona a definição de voz, por Cicely Berry (1993): voz como “o meio pelo qual, na vida cotidiana, você se comunica com outras pessoas, e […] como você apresenta a você mesmo”, (p.6). Além de quatro fatores (Ambiente/Ouvido/Agilidade física/Personalidade) considerados por Berry como determinantes para a produção vocal contribuem para definir a voz como uma combinação de ‘o que’ e ‘como’ alguém ouve e como alguém produz som. Berry traz ainda, uma idéia da voz como um fenômeno social, físico e psicológico.

b) Discorra sobre a importância e implicações da definição de voz como “produção do corpo”.

No dizer de Sundberg (1987):

“A produção de um som falado é determinada por um número de fatores, significativos na hora de definir o registro e o timbre de uma voz. Um deles é a pronúncia ou os hábitos de fala, que determinam as especificidades do som, variando de acordo com as origens social e geográfica dos indivíduos; outro, as características, mecânicas e/ou morfológicas, de cada órgão vocal (Davine (2007: 03) apud Sundberg 1987 p.13)”. <[Isto é, o controle emocional e/ou da cena; a saúde bucal/repouso/ controle da in/respiração/ aspectos hereditários e a vida social etc.];

“Sundberg reconhece que o desempenho da glote, definida por ele como ‘oscilador humano’, é afetado pelas emoções. Já que as emoções afetam aos instrumentistas, não aos instrumentos. (...) A voz se remete ao corpo que a produz, lugar do sujeito”.<[Muitas vezes, a emoção se sobrepõe ao ato da fala/atuação e assim, a voz (emissão de sons vogais e de articulações consonantais) permanece inaudível, “embargada” ou possui uma maior projeção de emoção que o texto (fala).
Deve haver uma compensação e controle por parte do ator/atriz, para não evidenciar uma “voz chorosa ou interpretação/personagem piegas”, outrora, equivocada de sentidos ou de intenções. Logo, a voz volta às origens: ao corpo do sujeito que, a aciona];

“Assim, a obra de Sundberg é prova também dos limites da transferência direta de pensamento de uma área de conhecimento para outra, tão habitual no universo da formação vocal para a cena; e da necessidade de produzir um discurso que parta da consideração da voz e da palavra em performance”.

<[È preciso de consciência e a sistematização de conhecimentos teóricos - mobilizantes - sobre uso e fruição do fenômeno acústico da voz em alinhamento com a palavra expressada em cena/performance. E, não somente um ato espontâneo e orgânico do corpo à parte.]; Sobre breves notas de, Kristin Linklater (1976):

“Considera a ‘influência ambiental, os condicionamentos inconsciente, físico e psíquico e a estandardização estética’ não somente como determinantes do produto vocal, mas como suas ‘trancas’. Em relação à fala,” <[Faz-se necessário considerar elementos do entorno do sujeito vocalizador; de certos vícios maturados/adquiridos no decorrer da produção da voz no/pelo corpo em ambiência e em hábitos de idade tenra à fase adulta e/ou artística.];

“Neste sentido, a voz quando produzida por corpos em vínculo com a natureza, que cantam por prazer, sem treinamento, ocuparia o pólo positivo. Quando produzida por corpos educados dentro das normas da sociedade ocidental, privada da liberdade, que lhe era natural nas origens, ocuparia o pólo negativo. Mais uma vez, a voz é definida em relação a outras instâncias”. ,<[Aspectos conscientes (organizacional do estudo da voz em produção no corpo pelo corpo sujeito/cena) – e, inconscientes (empirismo/ estudo informal / hereditariedade/ dia-a-dia.]

Por fim, Cicely Berry (1993):

“Voz como ‘o meio pelo qual, na vida cotidiana, você se comunica com outras pessoas, e […] como você apresenta a você mesmo’. A voz é a mistura mais intrincada do que você ouve, como você o ouve, e como você inconscientemente escolhe usar isto que ouve à luz da sua personalidade e experiência [… a voz] é condicionada por quatro fatores: Ambiente, ‘Ouvido’, Agilidade física [e] Personalidade (Davine, (2007 p. 6) apud Berry (1993 p.7).).<[Ambiente: co-responsável pelo aspecto da padronização da voz, como ondulação, projeção, articulação, recepção/emissão –controle -, de nossos afetos e captação de impulsos in/externos. Ouvido: órgão superior/sentido acurado em recepção-emissão-controle-afetação da voz para si e outrem – uma percepção auditiva. Agilidade física: resulta como um espaço de urgência e de percepção e/ou de reação do som/ ação no corpo em respostas e indagações ressonantes à origem do fluxo ou a gerar outros percursos. Personalidade: o timbre da voz é singular e de pertencimento; e, como tal, seu sujeito é modus operanti.];

“Os quatro fatores considerados por Berry como determinantes para a produção vocal contribuem para definir a voz como uma combinação de ‘o que’ e ‘como’ alguém ouve e como alguém produz som.

Neste processo, o que é corporal na textura vocal é tão importante quanto o que a condiciona externamente”.<[idem anterior]; “Uma percepção mais abrangente do corpo e a consideração do papel do prazer, da autoconfiança e da vontade na produção de voz e de palavra revelam na sua proposta alguma consideração do sujeito. Porém, a visão dominante da voz como instrumento reaparece no seu discurso no reconhecimento da voz como aquela ferramenta do ator que deveria responder eficientemente às suas intenções ao declarar ‘quanto mais alerta e eficiente é a voz, mais precisas serão suas intenções’, reproduzindo o binarismo intenções/interno/incorpóreo - voz/superficial/corpóreo.” <[Uma voz em dimensões acústica e visual pelo atos de saber-fazer e de mobilizar/articular pensamentos/ação/intenção em prol dum corpo de intérprete.];


Ao seguirmos, Aproximações a uma Pragmática da Voz e da Palavra, encontramos:

“Assim, a voz não pode ser confundida com um órgão; nem um órgão ou um instrumento podem ser confundidos com o que produzem”. <[A voz é um elemento vital de característica peculiar; logo, quando acionada pelo sujeito a palavra vem à tona. No entanto, atribui funções de intenção, desejo etc.];

“(...) não podemos pensar a voz e a palavra sem pensar o corpo e o sujeito. Mais ainda, pensar a voz, a palavra, o corpo e o sujeito sem considerar a incidência da tecnologia sobre eles, especialmente a partir do século XX (...)”. <[Indiscutível. As múltiplas linguagens e suas interfaces sobre eles situam-se como suporte de mediação e de consciência ou, de saber como proceder.];

“A idéia da voz como um meio (...) pressupõe a existência de polaridades (...) tais como corpo e signo, um e outro; entre as quais fluem voz e palavra, de acordo com as exigências de uma e outra polaridade”. <[A voz é um devir – ponte de intersessões - um elo de convergência e de divergência, entre: tempo/espaços (lugares), verbos e sujeitos.];

“Há corpo, que produz fluidos, magnetismo, calor, onda, partículas, imagem, olhar, voz; um corpo/palco da primeira confluência entre a dimensão visual e acústica da cena.”< [Sentidos orgânicos e inaugurais, de controle corporal e verbal em favor de uma intenção cênica induzida.];

“De todas as produções do corpo, a voz se caracteriza por ser capaz de gerar significados complexos, cuja produção é susceptível de ser controlada em cena. Assim, consideramos a voz como uma produção do corpo na mesma categoria que o movimento. Porém, por constituir-se em lugar da palavra, a voz comporta uma capacidade de definição discursiva muito maior que o movimento (Davini 2000 p.60).” <[Voz-ação orgânica e de consciência pela promoção de pensamentos, de idéias, muito maior que movimentos corporais in/voluntários em tempo/espaço não constituídos de palavras, mas de corpos em fluxos.];

“(...) entendemos a voz e a palavra como música e ato; o teatro e a música como performance artística; e a performance artística como uma modalidade da performance cultural.” <[Indissociáveis - de grande teor artístico.];

“O conceito de vocalidade, como definido por Paul Zumthor, vem para superar o caráter individual e a-histórico dominante nos discursos vinculados à produção de voz e palavra em performance, considerando também a palavra do outro, dos outros em sua contingência social e histórica. (...) a palavra do outro, dos outros em sua contingência social e histórica”. <[É preciso deixar-se “contaminar” pelo outro e co-reagir.];

“(...) entendemos por vocalidade a produção de voz e palavra por parte de um grupo dado em um tempo e lugar determinados. Esta idéia grupal e histórica da produção de voz e palavra vem incorporar também a problemática da evolução tecnológica que, incidindo sobre nossas percepções de tempo e espaço, incide também sobre nossas noções de sujeito e, portanto, de personagem, em fim, sobre o nosso corpo”.<[Somos sujeitos historicizados e afetados pelo meio. Saber fruir com/nas interfaces artísticas mobiliza sentidos de sobrevivências pessoais /artísticas.];

“O espaço acústico em performance é constituído pelas esferas da sonoplastia, da música e da voz e da palavra. Entendemos o corpo como lugar de confluência das dimensões acústica e visual e ‘primeiro palco’ da cena. Por produzir-se no corpo, definimos voz e palavra como um fenômeno acústico que se dá na conjunção das dimensões visual e acústica da cena”. <[Aspectos técnico, fisiológico-; sua postura pessoal, a projeção e articulação da fala (emissão de vogais, intensidade/intenção da fala - tempo; bioenergia), etc; é até perceber que, o corpo necessita é de ser instrumentalizado (corpo técnico - tornar-se artístico) em função da ação teatral/da cena/do personagem/texto. Possibilidades de sentidos. Vide questão 2, acima.];

“(...) a definição de uma gestualidade vocal vem ressaltar a presença de uma dimensão acústica, freqüentemente ignorada na cena contemporânea. Esta definição, que supera imprecisões da abordagem instrumental, dominante no campo das técnicas vocais para o canto e a cena, vem também superar uma dicotomia que atravessa a história do teatro e da música, na qual o movimento é vinculado ao corpo e a voz, ao intelecto”. <[O ato de falar tem o mesmo valor sinestésico do/no movimento ou acústico na atuação. Enquanto da idéia dum corpo que age pelo pensamento (intelecto) é suficiente para atingir o resultado da ação/movimento, em silêncio.];

“Não há emoções nem intelecto sem corpo. Não há sujeito nem personagem sem corpo. No corpo entendido como lugar, as sensações evidenciam a existência das emoções e de uma atividade intelectual.” <[O corpo é uníssono; logo dele, provém o ser total e artístico - carregado de intenções; dotado de idéias a se articular em tempos e espaços.];

“A voz enquanto som se dá em uma esfera de 360°, em diversos planos, fixos e móveis, percebíveis inclusive através das paredes. A voz, em sua potência libidinal, atribui um lugar ao sujeito e à personagem. Não ‘usamos’ a voz. A voz ‘habita’ corpo e linguagem”.<[A voz se mostra sujeito e proponente do corpo em ação física. Relembrando as palavras de uma de minhas professoras de voz, a russa Maria Karadja (curso colégio de direção teatral, pelo instituto dragão do mar de arte e cultura audiovisual do ceará, 1998), “a voz deve enlaçar a platéia, como um grande abraço sonoro”].

“Na arte da fala, eu tomo ‘forma’ como fala, e ‘conteúdo ’como intelecto e emoção’.” Kristin Linklater (1976)