segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

É no breve balanço das artes (2005) - memórias seguem no dealbar de 2006

TEXTO ESCRITO EM DEZEMBRO DE 2005
A cada ano posterior somos tomados de desejos de mudanças, ou mais que isso, obrigados, involuntariamente, a refletir sobre o que não foi “bom” em ano anterior.

Confesso que, meu olhar aqui de observador somente revelará a você leitor(a), uma partilha de meu cotidiano. São pontos de vista, outrora, extremamente pessoais e profissionais no campo das artes. Imagens essas, (re)construídas e produzidas ou encontradas, apreciadas em nossa capital.
Começaremos com imagens simples e “positivas” realizadas no decorrer do ano de 2005.

Pergunto: você teve tempo para parar ou, já observou e enxergou os muros que circundam o Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paula, bairro Parangaba? Parece algo fugaz ou excêntrico, mas, não é. Logo, depois de décadas, revelou sua entrada principal com bancos de cimentos, árvores e jardins. A seguir na mesma avenida e entremeio, numa só estética, avistamos o Colégio Juvenal de Carvalho-Irmãs Salezianas, (Damas), também se revelou. Ambos se “humanizaram” - saiu de clausura, de muros arquitetônicos, herança do passado opressor.

Já os Terminais de Ônibus, ao interligarem a grande Fortaleza, estamparam cores muito vivas pelo movimento hip hop, - Ah, o elemento grafite! (as artes plásticas).

Até mesmo no centro da cidade, anexo do Theatro José de Alencar, pela Rua 24 de maio, em sua fachada externa, o tema grafitado era: “Iracema”, em circunstâncias dadas, pelo autor José de Alencar, o pai do romance. Homenagens do próprio artista-grafiteiro (Funci/projeto Crescer com Arte) à casa de espetáculos, em seus 95 anos de existência.

Outros elementos, como: dança (break) e as músicas (o rap) criaram expressão de vida, sob o planetário, aos sábados, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, intitulado, Planeta Hip Hop.
Ao refletir aqui tais ações in locus, não se deve analisar, sob o aspecto desta cultura ser ou, e só agora, permanecer incluída socialmente através de imagens gravitadas em concretos de terminais de ônibus ou outrora, veiculadas vias comerciais de tevê - campanha pelo governo do Estado do Ceará. Mas, elas devem ser compreendidas em sua essência como mais um movimento social da zona urbana, que cresceu e, encontraram no Brasil, em nossa região, elementos constitutivos do samba, da capoeira. Seus atores, ou até mesmo outros produtores de diversas linguagens, - tais artistas, necessitam é de mais espaços, de oportunidades sempre garantidas.

Não é somente servir de vitrine ou algo inaugural, como tantas outras ações governamentais em metas ou planos de gestores de anos anteriores reservaram. Falo isso, como ator profissional e professor de Arte, experiências estabelecidas e reconhecidas em terra natal.

Para o campo teatral de Fortaleza, cada vez nos sentimos deserdados, sem ações concretas, que nos motivem continuar fazendo e produzindo Teatro/arte. Criar e manter a identidade na arte teatral local. Há ações isoladas de grupos ou editais de concursos em artes ciências, que procuram estabelecer o fazer teatral, esporadicamente. O mínimo.

No entanto o Festival de Teatro de Fortaleza, promovido pelo órgão da Prefeitura Municipal de Fortaleza – Funcet, para criar um evento, acontece em sucessivas e estanques edições. Ele, ainda não se fixou e nem ocorreu ao ano de balanço (2005).

Conclusão, também permanece uma lacuna, quanto ao real fomento da dança. Salvaram-se de relance, os seguintes eventos: a Bienal ou projeto Quinta com Dança. E, pelo próprio órgão da prefeitura supracitado, o projeto Quarta em Movimento. Ou, projetos de grupos permanentes de dança e o curso técnico, ou instituições/Ongs “particulares”, por meio da Arte-educação, se evidenciaram.
***
Em 2005, uma estréia cênica “singela”

Refiro-me, tanto por parte do Curso Tecnológico em Artes Cênicas, quanto pela instituição mantenedora, o Centro Federal de Educação Tecnológica do Ceará/Cefet-Ce.

Digo Estréia sem eloqüência na divulgação por se tratar do primeiro curso superior em artes cênicas do Estado. E, ao mesmo tempo, a encenação do espetáculo da 1ª turma (2002), no Teatro Dragão do Mar, “A Caravana da Ilusão”, de Alcione Araújo; contraditoriamente, tenha ocorrido de forma “primorosa e sutil”, pela perseverança e interpretação do elenco. Por fim, ou, de “ajustes” da equipe técnica no desenrolar do evento, ou ainda mais, a preocupação permanente e o profissionalismo de sua coordenação, ou de alguns professores, em querer manter o nível de formação do Curso, também.
***

Arte e Educação não se sinalizam em prática de gestão na Prefeitura Municipal de Fortaleza, via Secretaria de Educação e Assistência Social – SEDAS.

Ações encaminhadas às Secretarias Executivas regionais (SERs: I, II, III, IV, V, VI); ambas não realizaram a edição do IV Festival de Arte das Escolas Públicas Municipais de Fortaleza.

O festival (em processo de construção, para que a Arte no sentido real se integre à Escola), Torna-se um dos poucos alentos de projeção municipal, porém, priorizado talentos e divulgando diversas linguagens artísticas – estas experiências no âmbito escolar “a valorizar” também, os poucos Arte-educadores em rede municipal de ensino.

Já nas escolas estaduais, professores e alunos de Arte não se projeta (ra)m mais para eventos intitulados, Festal.

Entretanto, técnicos em educação do Estado, sem consultar os professores de Arte da rede, estabeleceram em documento, diretrizes para a reorganização curricular da educação básica, nível Ensino Médio, em 2005. Isto significa que além da má distribuição e diminuição de carga horária da disciplina de Arte, que compõe a matriz curricular base Nacional Comum; (especificamente, a disciplina de Arte-Educação está inserida na área de Linguagem e Códigos), Ela deve agora ser readaptada na matriz curricular Parte Diversificada e não permanecendo, como antes.

Segundo eles, é para assegurar maior tempo de aprendizagem ao corpo discente, com o acréscimo de mais hora/aula às disciplinas de Português e Matemática.

A meu ver, tal ação vai de encontro a um currículo escolar de Arte-Educação sintonizada em nosso século. Há toda uma luta de nós, Arte-educadores, pautada na defesa e na organização do seu ensino e de uma aprendizagem significativa e emancipatoria em Arte.

Para concluir este breve balanço tomando de minhas memórias do ano anterior, gostaria que no ano que se anuncia (2006), possa ser mais recheada de otimismo, perseverança, amor, respeito aos ideais e realizações de sonhos de toda classe e segmento da arte e da aducação.

São palavras tão repetidas (utópicas?), gastas pelo tempo... Logo, é porque ela nos revela um ser inacabado de desejos que cada um de nós, se anuncia sempre, EXTERNAMENTE.

2 comentários:

Razek Seravhat disse...

Lúcio,

Primeiro grato por aceitar o desafio de participar do Lenitivo, que não é um blogue, mas sim um movimento que pretende reunir que gosta de arte. Agora, vamos ao que me fez entrar aqui. Na verdade fui movido por sua postagem no Lenitivo, mas como já disse lá, elas ( suas postagens) me serão muito úteis, sobretudo porque gosto de leitura e ademais porque gosto de "brincar" de teatro, Perdão, não que ofendê-lo. Mas entenda o meu lado, não sou ator da sua estirpe.

Abraços... e contamos com você

Pela arte!
pela continuação da vida!
e por um mundo novo!

ternura sempre...

Razek Seravhat disse...

Retificando: Nem ator sou. A não ser na vida real e com quem merece, mas isto é outra história.

Ternura sempre!