sexta-feira, 4 de abril de 2008

Desfazendo a fantasia do sujeito (dançante). ‘Still acts’ em The Last Performance de Jérôme Bel”.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO MÓDULO 1: Dança contemporânea: impasses e perspectivas do Curso Dança e Pensamento - FICHAMENTO.
por Lúcio José de Azevêdo Lucena - Lúcio Leonn.
Referência
Lepecki, André. Desfazendo a fantasia do sujeito (dançante). ‘Still acts’ em The Last Performance de Jérôme Bel. –Tradução de Thereza Rocha e revisão de Frederico Paredes. Ensaio retirado da publicação BELDER, Steven de, TACHELET, Koen (ed.). The Salt of the Earth on Dance, Politics and Reality: Writins and opinions from a seminar at Klapstuk 1999. Bruxelas: Vlaams Theater Instituut, 2001. (segundo nota de roda pé, via tradutora)

(imagem, Jèróme Bel/reprodução)

Resumo
Inicialmente o texto discute e apresentam os mais (não só) recentes estudos e ensaios ou pesquisas sobre a paragem no mundo da dança (still’s acts). Antes mesmo de levantar questões e de adentrar em: The Last Performance de Jérôme Bel (criado em 1995), ou mesmo na Fifth Performance Studies Conference (1999), em Wales; o autor analisa anteriormente, as dinâmicas históricas na dança ocidental sob às luzes de críticas ou pensamentos de Rivière, Duncan, Nijinski e Paxton. Este último, ele cita e esclarece sobre o seu invento: the stand. Ainda, “desfazendo a fantasia do sujeito (dançante)”, André Lepecki, adquire seu contato e de olhar sob o pensamento reflexivo de Gil, até a paragem das práticas dançantes de coreógrafos dos anos de 1990: Yochiko Chuma. E, devido às circunstâncias sócio-políticas e da conjuntura sob a força da parada; denomina-se ato de (paragem e) resistência. Já com Seremetakis, ela faz uso da expressão “poeira histórica”; suscita-se Susan Buck-Morss em sua análise crítica sobre o ato. Ou do engajamento histórico dançante - onde mais uma vez, o autor cita o pensar de Huberman e o seu: act imobile. Boa parte do ensaio, “toma posse” e descreve detalhadamente ao leitor: a obra de Bel. Reafirma o “desconserto/desconsenso” criado entre a platéia, com seu olhar inquietante e perturbador às atitudes corporais e dançantes de seus intérpretes/Jérome Bel. Além de uma ampla discussão sobre a invenção da dança, cria-se um paradigma incessante e eloqüente no universo dançante. Logo, o texto também se contrapõe e se ajustam aos pensamentos citados de Francis Baker, a presença de Suzanne Linke, os versos de Yeats até os comentários de Phelan. Não esquecendo que agora a dança hoje, devém de um outro presente. Um olhar – dançante e transgressor, digno da contemporaneidade.


Palavras-chave
Atos (parados) na dança (still acts)
The Last Performance, by Jérôme Bel
Fenomenologia da dança
Re-invenção da dança hoje

Frases mais relevantes
(,,,) (still acts) (...) o dançarino (...) Não mais sujeito à mobilidade contínua, ele pode enlaçar o ato parado como movimento de resistência.

Relevância
Sua leitura torna se importante não só para os pensadores, estudiosos e fazedores da dança, mas, a todo um ser cognitivo e sensorial, por instigar o corpo-no-corpo, de proceder e levar a uma pesquisa sob um “novo conceito” artístico: atos (parados) na dança (still acts). O estudioso pode ter como prática diletante, o acesso descritivo a partir das narrativas e lembranças do autor (André Lepecki) ao encontrar Jèróme Bel e sua grande obra. É um estudo de caso fenomenológico e de uma escrita sobre a re-invenção da dança hoje.









Comentário
O ensaio de Lepecki discute e apontam importantes eventos na (sobre a) dança; assim como em outras décadas (com: Cage/Cunningham(imagem, abaixo/Reprodução) ou Bausch etc.). Acontecimentos estes históricos e ocorridos em meados da década de 1990: onde a dança parou por um sentido não só de vida, mas de resistência dançante. Merecem destaque e estudos acurados o caso do coreógrafo francês Jérôme Bel e seu espetáculo intitulado: The Last Performance. Sua dança suscita questionamentos e impactos do pensar e conceituar a Dança hoje. Porém, com um Dè já vu no mundo da dança moderna. Levar-nos e faz pensar seus conceitos, re/transformações e impactos sob a dança contemporânea. Como também de reorganizar a origem ou o limiar dançante do corpo de seus intérpretes. Conclama e marca um ser histórico de um tempo futuro. Logo, coloca-nos diante de Bel, critica e, nos faz perguntar ao mesmo tempo: o que é DANÇA.



Citações
“(...) na busca da ‘origem natural da dança’: de pé parada; (...) duas mãos, (...) seios, cobrindo o plexo solar (...) descobri a fonte central de todo movimento”.

“No corpo (...) todo um sistema de linhas que o inclinam para o movimento”

”The Stand: (...) tudo o que você tem que fazer é ficar de pé e relaxar (...)  você percebe que relaxou tudo o que podia, mas ainda está de pé e este ficar de pé é um bocado de micromovimentos (...) posição ereta malgrado você estar mentalmente relaxado (...) consciente de não a estar ‘fazendo’, E sua mente não está imaginando nada nem procurando por respostas, (...)

“(...) sujeito  ao introduzir fisicamente uma disjunção no fluxo da temporalidade ‘Contra o fluxo do presente’, ‘há uma parada na matéria cultural da historicidade; coisas como espaços, gestos e contos que representam a capacidade perceptiva de criação histórica elementar. A parada é o momento em que o sepultado, o descartado e o esquecido escapam para a superfície social da consciência tal como oxigênio vital. Trata-se do momento de tirar a poeira histórica’(...)”.

“(...) Finalmente alguém segue a música segundo padrões reconhecíveis daquilo que chamamos ‘dança’! Fluxo, música, corpo, presença, mulher, feminilidade, mobilidade ininterrupta, belo vestido branco  finalmente adentra-se o território do conhecido e relaxa-se com o familiar (...)”.
“(...) ‘Ich bin (cita ela, consubstanciando em Jérôme Bel) Susanne Linke’ (…)”.
“(...) Estamos em face daqueles momentos que Seremetakis chama de still acts, uma suspensão do fluxo contínuo da temporalidade pela inserção de um ‘gesto (...) que expressa a capacidade perceptiva para criação histórica elementar’ “.

“(...) fantasia ótica do sujeito (...)”

“(...) O fato da dança Ocidental moderna ser sempre remetida de volta ao bailarino é mais do que prova lógica do caráter incontornável da ecoante pergunta de Yeats, e ainda um sintoma do desejo de se ver o corpo do outro como um espelho e uma tela para seu próprio corpo re/lance(t)ante (..).”

“(...) E lá está um ato imóvel (ele não foi imobilizado, não, ele fora sempre, essencialmente imóvel), evento discreto, mas perturbador da memória... (...)”

“(...) uma dança para além do lastro de Hamlet e de uma modernidade exausta e obcecada pelo movimento(...)”

“(...) ‘O body swayed to music, O brightening glance. How can we know the dancer from the dance ?’(...)”

“(...)‘O fato da dança Ocidental moderna ser sempre remetida de volta ao bailarino é mais do que prova lógica do caráter incontornável da ecoante pergunta de Yeats, e ainda um sintoma do desejo de se ver o corpo do outro como um espelho e uma tela para seu próprio corpo re/lance(t)ante’ (...).”


“(...) Dança e dançarino acontecem para além e para trás do campo de visão. Mas enquanto o dançarino permanece invisível, a dança se mantém forçosamente no nosso campo perceptivo  nós podemos ouvi-la, sentir sua presença farfalhante atrás da tela, seguir seus indícios nas contrapartidas de movimento do tecido negro, testemunhar suas influências kinesféricas nos movimentos que os dois dançarinos visíveis, segurando a tela, têm de fazer para manter a dança escondida (...)”

“(...) Por despir a dança do dançarino, este pode ser habitado por outros passos não pré/codificados. (...), o dançarino pode reivindicar outros modos de lidar com o visível. Não mais sujeito à música, pode procurar profundamente por subtons (...)”.


O 1º módulo "Dança Contemporânea - Impasses e Perspectivas", ministrado pela Mestre em Comunicação e Cultura Thereza Rocha, aconteceu de 05 a 09 de novembro, das 19h às 22h, e 10 de novembro, sábado, de 09h às 12h. Por Lúcio José de Azevêdo Lucena - Lúcio Leonn.

TRABALHO DE CONCLUSÃO DO MÓDULO 1: Dança contemporânea: impasses e perspectivas do Curso Dança e Pensamento - RESUMO DE AULAS.

Por Lúcio Leonn


“A Arte consiste em ocultar a Arte”
Segundo Leonn cita Andréi Tarkovski, segundo apud Ovídio, (1990).

Inicio por meio de minhas breves anotações transcritas aqui; -Dança - processo continum. -Filosofia/Estética.-Educação contemporânea - adquirir parceria - atitude de: coletividade. - Produção do saber e ser autônomo na elaboração e proliferação do conhecimento/pensamento em Dança. Rede de afetos. - Dança – sob eixos temáticos da: pesquisa (ciência/arte/técnica); de seu ensino (idem); da produção (do fazer) e na elaboração de espetáculos via intérpretes (fruir); do escrever sobre (conhecer); etc. Logo, da formação do/a bailarino/a educador/a: há muito a fazer entre nós. E, que tal postura política (dança)(?).-Arte contemporânea (?): - O que é dança? Ela se insere (?). O que faço, é, ou não é < href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjj1ZTgWhFG3ziSQ0ZoiVohkfX7WZnOT1Wm6FzMXySFJkRDw38ot43bsUslb9tZJQB-Ttv5_rdyRyoVqL8Gf5aXpQPxt_37wa_hXS27n-uwEMZYi6UyHH_vLN2PEJ6_s0TLx9IctW8mj7Xb/s1600-h/fonte.jpg">Marcel Duchamp, Fountain, 1917, Porcelain Plumbing Fixture and Enamel Paint

A dança contemporânea não é modular. Ela denuncia a lógica aristotélica do predicado. -Dissensos. -Dança e Pensamento. -Sentido da Dança. Até que ponto suporto o corte no fluxo? Fluxo e ação sobre... Experiência... Deslocamento do eu - sujeito. IrReal/Estranhamento. Corpo dicotômico. Idéia autoral. -Deleuze: diferença em relação à origem. -Dança vs. Sentido da Dança: dançar é descobrir no corpo o sentido da dança. -Começar, em diferença em relação à origem. -Como começar? The show must go on / exibição e apreciação: Jérôme Bell.------------Estudos de Casos: do Ângelo /da Rosa 1 e Rosa 2 /da Girafa /do Ovo. Modo de pensar sobre as coisas - base fundante - significado. A razão da mudança (sentido das coisas?).-Devemos realocar o discurso aristotélico centrado no predicado e perguntarmos do sujeito desse mesmo discurso, nesse caso a dança, a arte. –Leitura/cópia do livro/Vídeo-exibição e apreciação: “quem tem medo da arte contemporânea?” O autor, Fernando Cocchiarali, nos revela: busca-se o Universalismo na arte contemporânea. E, meu pensamento trouxe uma palavra: a intertransculturalidade (segundo Pádua).
-“A memória é o presente”. @@@@@-Vídeo: Pollock, dançando com suas tintas. -Fenomenologia da Arte. Metafenomenologia do Corpo. Filosofia / Estética da dança. Dança-Teatro. Equilíbrio dançante. Mímesis – representação (Isadora Duncan, em sua dança, é o próprio mar). A Comunicação da dança é metacinética.
Simpatia muscular. Empatia sensual. -Possibilidade ≠ Probabilidade. Devir (nunca é) ≠ vir a ser (em algum momento será).
Invenção ≠ Reinvenção. -Relação: surfista-onda. Público e artista/proponente que conclama: vamos surfar? Consubstanciar-nos. -Experiência defunta. -O Marcel Duchamp e sua fonte. O que fazer depois dele? Há um limite artístico? Momentos inaugurais. Da arte da procura. Possibilidades de encontros: obra e apreciador.

E, “Como começar?” Eis, uma indagação que nem nos fez e, não nos faz calar diante do hoje. Indagações minhas fluíram também, fizeram-me refletir e assuntar: até que ponto a arte contemporânea é um campo de possibilidades e, de diversas leituras e releituras de um saber, de um conhecimento artístico e científico? Qual o limite? E, não, piração? Muitas vezes, um saber-dizer é revelado ou atribuído pelo olhar apreciador, desbravador e subjetivo do público - digo via obra apreciada. Consubstanciada. E, da re/evolução por meio das artes. Do superexistir.
Subsistir. Fim. De um olhar não somente percebido sob a dança. Mas, da visão de mundo. Outra: que dimensão artística e estética a dança contemporânea poderá proceder e fruir hoje; entre os grupos, companhias, festivais de danças e também junto a seu público?

Logo, a arte contemporânea une: o autor-expectador-crítico. Tríade indissociável. O que tem de devir no mundo da dança, em pleno século XXI? Ainda há, de devir um Maurice Bèjart (1927-2007)? O ser se diz de muitas maneiras (Aristóteles). E, qual a natureza da mudança? É, opcional, escolha ou predestinação?

Para concluir, confirmo: não existe Dança só com expressão - ela exige conhecimento específico, como tal. Então, todas as artes (linguagens artísticas) convergem para o “não-só-fazer” Arte, mas o conhecer. No caso da dança, ocorre a fusão do corpo e da mente. Do pensar e do agir sobre.



O 1º Módulo "Dança Contemporânea - Impasses e Perspectivas", ministrado pela Mestre em Comunicação e Cultura Thereza Rocha, aconteceu de 05 a 09 de novembro, das 19h às 22h, e 10 de novembro, sábado, de 09h às 12h.