domingo, 6 de abril de 2008

*Atividades de Orientação em direção/interpretação cênica com os atores de Fortaleza

Imagem: Curso Colégio de Direção Teatral-CDT, 1ª turma 1996-1999-Instituto Dragão do Mar.
(Por Lucio Leonn, 2002)










                                                                                                                                                                                                                                                   
                                                                                                                                      *Atividades de Orientação em direção/interpretação cênica com os atores de Fortaleza, para o Curso Colégio de Direção Teatral do Instituto Dragão do Mar, à Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia-UFBA, e o Curso Técnico para Formação de Atores da Escola de Arte Dramática-EAD/ECA-USP
Sempre que certos alunos-atores recorrem a mim, como forma de pedido pessoal e profissional na orientação do trabalho de ator (conjunto de interpretação cênica ou direção) seja por meio de exames ou audição para concorrer uma das vagas aos Cursos de Teatro, Direção ou Arte-Dramática, simplesmente, não sei dizer, não. E este meu “não” vem respaldado nas razões abaixo:

primeiro, é uma das possibilidade de pôr em prática, fixar meus conhecimentos apreendidos via cursos e oficinas. E, segundo, é compartilhando que acredito eu ter esvaziamento do tal saber absorvido. Digo um vazio para depois preenchê-lo de outras informações, algo acerca do universo teatral. Logo, todo conhecimento é dinâmico, e assim tem sido o nosso contexto social.

Costumo filosofar com o seguinte pensamento: se você não esvazia tal conhecimento apreendido, maturado, pode-se chegar ao momento de uma explosão extremamente egoísta. Isto é, no sentido de reter saberes, revelar puro comodismo pessoal. Esse saber-ser precisa está circulando, mas também ser útil como forma de aprendizagem.

















Imagem (Gabriel Castro e Paula Yemanjá)reprodução "O Destino à Deus Pertence", de Ricardo Bessa,CURSO PRINCIPIOS BÁSICOS DE TEATRO. Direção PAULO ESS,(1998): Breve orientação em interpretação cênica de atores/atrizes, Lúcio Leonn.


Portanto, somente dominar tal assunto ou técnica e não saber como conduzir didaticamente tal conhecimento também é uma barreira. Não podemos nos ausentar da linha horizontal que deve unir sempre o professor e o aluno, pois ela é responsável pela busca de instrução mediadora de saberes, valores e atitudes. Aqui, revelo meu lado de educador. Embora existam certos educadores que não sabem dominar o tal mecanismo do processo ensino-aprendizagem, fazem até vigorar o velho sistema de ensino tradicional de nossas escolas ou métodos arcaicos de teatro. Diante de tais dados, percebo que, na realidade, o profissional das artes cênicas, como sujeito mediador do conhecimento, necessita de um parâmetro no campo da didática, na organização de um currículo que atenda tais princípios norteadores do saber ser professor/orientador de teatro no contexto atual.

Imagem (Lucas Sancho) reprodução/espetáculo "Linha Férrea", de Tercia Montenegro, direção Lucas Sancho -Grupo Cabauêba, (produção de 2004): também orientação em interpretação cênica de atores/atrizes, Lúcio Leonn.

Assim, esvaziando aprendizagem na busca de re-aprendizagem pessoal e profissional, tenho sido procurado e indicado para orientar jovens atores e atrizes que revelam extremo interesse em cursar teatro seriamente.

Tenho sempre aceitado esses desafios e faço tudo o que posso para orientá-los na busca de vagas nas universidades ou em cursos das artes cênicas.Como o candidato está mais familiarizado com a cena que deseja representar, não interfiro em sua escolha.Peço suas impressões acerca do texto a partir da leitura completa da obra do autor da análise das unidades de cena da situação dramática onde o personagem exibi-se por estar em mais evidência cênica, etc.

Sigo, então, para análise ativa do texto (cena escolhida), junto com o aluno-ator, e somente, a partir de estudos anteriores e individuais do candidato, adentro com intervenções. Apenas depois de instalado tal aluno-ator na situação dramática (onde vive a personagem), ou também num elemento de cena (cadeira, mesa, adereços, etc), é que o encaminho para improvisação livre, a marcação orgânica, o levantamento de cenas, pondo em prática tal concepção cênica.

Ora trabalho a divisão circunstancial em pequenas unidades de cenas, ora respeito o estilo do autor da obra encenada. Nada, então, nos é definitivo, pois precisamos de tempo e de ensaio para tomar uma "forma" e então se tornar teatro-vivo.

Para concluir este trecho do trabalho tentei demonstrar, acima, quais as ferramentas teórico-práticas que costumo utilizar nas atividades de direção para testes em audição de atores/atrizes. Já quanto à interpretação, ela costuma ser meticulosa, instigante ou "enfadonha", na busca de gestos certos, da inflexão vocal, da presença do corpo do ator na partitura física da personagem, etc.


Cena de, "Os Bobos" - orientação em interpretação e expressão corporal cênica de atores/atrizes, por Lúcio Leonn. Espetáculo "Simulacro: Uma História Sequestrada...." (1992) Theatro José de Alencar. Foto: Nely Rosa. Acervo Jorge Luis Viana - 1º espetáculo do Curso Princípio Básicos de Teatro/originário da Oficina O Ator o Tempo e o Espetáculo.

Portanto, a descrição acima indicada como processo não se revela por completa, também não é nenhuma receita a ser seguida. Mas mostra um caminho de possibilidades, porque tem funcionado à minha maneira, por meio de ações reflexivas/teóricas e práticas como professor-ator em intercambiar tais procedimentos teatrais.Esse esquema possibilitou a seleção de alunos-intérpretes em todas as turmas do Curso Colégio de Direção Teatral desde a sua 2ª fase(1998) até ao ano de 2002. Como também ao curso de teatro da Universidade Federal da Bahia-UFBA e Escola de Arte Dramática-EAD/USP. Por sinal, duas escolas de referência na formação do ator brasileiro. Assim, comprovo em registro abaixo:

A princípio, para seleção na fase para a turma do Curso Colégio de Direção Teatral (1998), as orientações no trabalho de direção/interpretação possibilitou e resultou na seleção de duas vagas para os seguintes alunos-intérpretes:

-William Mendonça-Texto: "Gota d'água", de Chico Buarque de Holanda e Paulo Pontes;
-Nádia Aguiar-Texto: A "Falecida", de Nelson Rodrigues.

Em seguida, na seleção para a 1ª fase da turma do Curso Colégio de Direção Teatral (1999), também conquistaram vagas (04) quatro alunos-atores:

-Davidson Caldas Miná-Texto: "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna;
-Rodrigo Frota/Benígna Soares-Texto:"Perdoa-me por me traíres", de Nelson Rodrigues;
-Eduardo Lopes-Texto: "Bagana", de Rui Carneiro.

Rendeu-nos frutos nas atividades de seleção para alunos-intérpretes, na fase da turma do Curso Colégio de Direção Teatral (2001). Foi selecionada:

-Lívia Guerra-1º momento/ Texto: "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams;
-2º momento/Texto: "O Santo e a Porca", de Ariano Suassuna.

Um pouco mais longe, anos depois, no vestibular da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia-UFBA (2002.1), em Exame de Interpretação, conquistamos vaga para :

-Rodrigo Frota-Texto: "Eu, Feuerbach", de Tankret Dörst.

Da Bahia fomos a São Paulo, e, no final de 2002, por meio de seleção de candidatos ao Curso Técnico de Ator da Escola de Arte Dramática-ECA-USP, turma 2003, tivemos uma vaga representado Fortaleza-Ce:

-Lívia Guerra- 1º Etapa/ Exame de Interpretação -Texto: "Um Bonde Chamado Desejo", de Tennessee Williams;
3ª Etapa/ Exame Público de Interpretação-Texto: "Alzira Power" , de Antônio Bivar.

Vale ressaltar que a maioria dos alunos-intérpretes aqui destacados cursou Princípios Básicos de Teatro-CPB, antes de participar do Curso Colégio de Direção Teatral, comprovando, assim, na prática tais aprendizagens. Percebe-se portanto, em ambos os cursos ministrados, ou através da formação dos candidatos citados, uma coleta da soma de resultados obtidos por meio do processo ensino/aprendizagem em teatro indo muito além do nosso estado.

Concluo este trabalho consciente de que estou colaborando com as artes cênicas do Estado do Ceará e, caso não tenha citado algum curso, certamente o farei em outros registros posteriores ao lançamento desta obra. Tudo que relatei aqui é fruto de uma reflexão como aluno, ator, orientador e educador que viveu e sentiu a arte cênica de Fortaleza desde os meados dos anos 80 e toda a década de 1990.

* Parte integrante de sua pesquisa de pós-graduação, intitulada: "Os Processos de Formação Teatral em Fortaleza na década de 1990: Memórias de um ator." Fortaleza: UECE/CEFET-CE. 2002; (Monografia de Especialização em Arte e Educação, 177p).

Resenha disponível em: http://www.artenaescola.org.br/pesquise_monografias_texto.php?id_m=62

3 comentários:

Li. disse...

[b]ahhh, teus textos concerteza são de importância para que eu leia pois percebo que de alguma forma podem me ajudar com as minhas dúvidas e agonias ou até mesmo a título de curiosidade :)
E como estes alunos chegaram até você para que realizasse estes trabalhos?

Li. disse...

porque não mais existe este curso no Dragão do Mar? vc acha que aqui há uma carência nas possibilidades de formação artística aos interessados? Porque o que eu percebo é que existe curso 'tal', curso 'esse' e até mesmo nos grupos teatrais...eu sinto como se não houvesse uma reciclagem sabe?!

Li. disse...

continuação do de cima: como que sempre as mesmas coisas...claro que o que têm aqui já enxergo com outros olhos, de que há muita coisa boa, gente boa, grupos bons e que reciclan-sse por si...mas no caso eu estou fora deste eixo, o que estou buscando inserir-me traçando o meu caminho...mas eu penso que o que poderia haver aqui é não somente peças de fora e sim cursos com profissionais de outros locais, para que podemos ter um leque maior de opções, de informações, diversificação enfim...me sinto agoniada por vezes, pode ser algo muito pessoal mas...