sexta-feira, 29 de junho de 2007

*Principais Características das Escolas de Canto (bel-canto): Italiana / Francesa / Alemã

Opereta A Viúva Alegre  de Franz Lehár (1870-1948) Direção Haroldo Serra
Theatro José de Alencar (2007)-Espetáculo Comemorativo aos 50 anos da Comédia Cearense
Atividade para/aula do Conservatório de Música Alberto Nepomuceno
Disciplina Canto Erudito. Prof. João Barreto

por  Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn), 2007

Para início desta escrita e pesquisa, tomo posse dos seguintes registros encontrados e revelados abaixo. Um deles, em seu livro - ABC para Cantores e Oradores e Locutores (transcrevo aqui, a partir desse Livro, boa parte de sua fundamentação teórica para compor este trabalho apresentado) – Onde não procurarei responder de forma direta e objetiva. É quando a ilustre e grande professora de canto, Hilde Sinnek, já nos idos de 1955, sinalizou o que hoje ainda considero como reflexão inicial:

(...) Abstraindo-se das diferenças de timbres, idioma e interpretação, a “técnica pura da voz” dos verdadeiros cantores é inteiramente igual. Por quê? Ainda sob a luz de sua escrita e pensamento, à resposta dela, é categórica: eles seguem a emissão correta do Bel-canto, que é a estrada principal para o sucesso artístico, no sentido mais severo. (...) A técnica perfeita é uma só e está acima de nacionalidade do cantor, apesar de não ser esta, todavia a opinião. (Os Métodos de Canto, p.11)

A professora Sinnek, segue adiante e contrasta com o seguinte dizer:

(...) Acreditam ainda muitos, que a maneira de emitir a voz varia conforme a natureza da língua materna do cantor e daí vêm à discriminação das escolas de canto: francesa, italiana, alemã, etc., o que indubitavelmente é um engano de tempos passados que se conservou por decênios. (idem)

Percebe-se também no passar dos séculos por meio de um intercâmbio musical, consciente ou inconsciente - quanto à influência de seus compositores eruditos e países de origem sobre a ópera e seus cantores - suas particularidades e modo de emitir a voz, provocando assim, também uma alteração nos métodos de ensino de canto.

E, sobre o olhar dos compositores - OS GRANDES CLÁSSICOS?
Os compositores do século XVII e XVIII que firmaram e fixaram as bases das formas musicais, desenvolveram a estrutura da orquestra e sobressaíram como virtuoses nos seus instrumentos, são considerados os grandes clássicos. Podem ser agrupados também, em três Escolas fundamentais: Escola italiana – que cultivou principalmente o bel-canto, com melodias amplas e atraentes. Escola francesa – onde se sente à elegância e finura de um estilo, cheio de expressão. Por última, a Escola alemã – que se ampliou à música filosófica, onde ressalta a austeridade da forma e o perfeito equilíbrio das construções (Segundo escreveu Maria Luisa de Mattos Priolli. Princípios Básicos da Música para a Juventude- 2º volume 27ª ed. Revista e atualizada - ano 2005, In: Os grandes Clássicos, p139;).

E, sobre a voz dos cantores líricos - OS GRANDES TENORES?
Segundo Revista Bravo! (o melhor da cultura em março 2007), da Editora Abril, (As Principais Características dos Tenores, p.71), no mundo esquemático da ópera italiana o argumento básico é, como já se escreveu, (apontou a revista), que: tenor quer se casar com soprano, e barítono quer impedir.

E segue, advertindo: nesse tipo de repertório, ao ir a um teatro de ópera você tem 90% de chances de ver o tenor fazendo o papel do “mocinho”, do herói romântico. Também, "no palco, eles são aqueles que sempre querem se casar com a 'mocinha' ”. Iniciou-se com tal especulação, a Revista.

Ressaltou-se ainda sobre tal registro vocal, a consolidação e a transformação em uma convenção ao longo do século XIX, quando impõe uma série de condições aos intérpretes desse tipo de papel. Como? Dando exemplos mais ainda, a revista do século XXI, denominou de fetiches;

esses tenores costumam ter de cantar seu amor pela soprano em árias e duetos veementes (...) expressividade e eloqüência, esses cantores precisam ter muita atenção e elementos como o “legato” – termo que designa notas suavemente ligada, sem interrupção perceptível no som.

Outro fetichismo convencional dos tenores líricos destacado, é o chamado “dor de peito” (trata-se de uma nota bem aguda, um dó que os compositores costumam escrever no final das árias, como momento culminante das mesmas). E, até o século XIX os tenores conseguiam cantar esse dó, mas não com a chamada “voz plena” - a nota só era emitida em falsete. Logo, com o surgimento de tenores que não precisavam mais recorrer ao falsete levou os compositores do Romantismo a explorar esse recurso, sempre efetivo e popular entre o público. Finalizou a Revista, sobre tal assunto.
Retomando ao passado, outrora às citações do livro – ABC para Cantores e Oradores e Locutores – (capítulo: A Época do “Bel-Canto”, p.155; p.160) nos revela o seguinte: (...) Florença tornou-se, no fim do século XVI, o berço de uma nova arte: a ópera. Caccine tornou-se o pai do “bel-canto”. Suas regras para o canto são estabelecidas segundo o grego Platão, da seguinte maneira: em primeiro lugar a dicção, isto é: a palavra; em segundo, o ritmo, e, em terceiro, o som - isto é a melodia.

No livro a própria autora e professora Sinnek, adverte e indaga: Mas, isso foi a teoria, e na prática? Predomina a palavra ou a melodia cantada? Ela segue seu pensamento, dizendo que cada época teve de resolver este problema - um conflito máximo na arte vocal, perante estilos vigentes. Ora predominava a palavra, outrora a melodia.

Percebe-se também que, com o desenvolvimento do canto francês, acompanhado harmonicamente pelos instrumentos e finalmente pelas grandes orquestras, forma esta mais divulgada no drama musical, isto é, a ópera, o ritmo da música já não segue idêntico ao ritmo da palavra; a frase musical desenvolve-se diferente da frase oral. Em conseqüência, já não é a palavra que fala por si, perdendo de novo seu predomínio nesta união, mas de um modo diferente do que ocorre na polifonia. Não é mais a palavra que fala, mas o sentido da palavra, da frase, que fica expresso por meio de intervalos melódicos, de ritmos, de harmonia e de timbre.
No entanto, no canto italiano, o presente método se revela por meio da: respiração, do apoio, da colocação e da articulação do som/palavra. Permanecendo a voz cantada na posição vertical.

Já Lilli Lehmann (grande cantora e professora), segundo Sinnek, (que dedicou um capítulo de seu livro (pp.13-14) aqui abordado), para Lilli Lehmann, finalizando este trabalho de pesquisa, escreveu assim: A ela é devida a fusão dos três métodos nacionais: italiano, francês e alemão, em um método universal. Reuniu a essência de suas observações numa frase do livro de Lilli Lehmann: “Tomemos dos italianos a ligação perfeita, dos franceses a ressonância nasal e dos alemães a consciência e a dicção exata das palavras, e teremos a combinação certa para a emissão perfeita da voz”.

Conseqüências: escolas de canto baseadas em qualquer sentido de nacionalismo não servem mais. O que vale é pertencer a uma Escola de Canto internacional, ou seja, de caráter e características universais.

Referências bibliográficas:

ABC para Cantores e Oradores e Locutores, de Hilde Sinnek. Ricordi, São Paulo: 1955, p.194.

Princípios Básicos da Música para a Juventude, de Maria Luisa de Mattos Priolli.- 2º volume 27ª ed. revista e atualizada. Editora Casa Oliveira de Músicas LTDA, Rio de Janeiro - RJ: 2005, p.144.

Revista Bravo! – nº. 115 (o melhor da cultura em março 2007), Editora Abril, p.114.

Lúcio José de Azevêdo Lucena (Lúcio Leonn)
Ator/Prof. Esp. em Arte & Educação